terça-feira, 9 de dezembro de 2014

A MÁQUINA DO TEMPO, O CHEIRADOR DE BÍBLIA E A SUA VISITA A SPURGEON


Conta-se que certa ocasião um pregador que ficou conhecido por "cheirar" a Bíblia resolver usar a Máquina do Tempo e visitar o grande Charles Spurgeon. 

Numa quinta feira, do mês de abril, o "cheirador" entrou na Máquina do Tempo e lá se foi em sua odisséia. Pois bem, num abrir e piscar de olhos, estava ele adentrando ao Tabernáculo Metropolitano quando na ocasião Spurgeon pregava dizendo:

"Existe um mal entre os que professam pertencer aos arraiais de Cristo, um mal tão grosseiro em sua imprudência, que a maioria dos que possuem pouca visão espiritual dificilmente deixará de perceber. Durante as últimas décadas, esse mal tem se desenvolvido em proporções anormais. Tem agido como o fermento, até que toda a massa fique levedada. O diabo raramente criou algo mais perspicaz do que sugerir à igreja que sua missão consiste em prover entretenimento para as pessoas, tendo em vista ganhá-las para Cristo. A igreja abandonou a pregação ousada, como a dos puritanos; em seguida, ela gradualmente amenizou seu testemunho; depois, passou a aceitar e justificar as frivolidades que estavam em voga no mundo, e no passo seguinte, começou a tolerá-las em suas fronteiras; agora, a igreja as adotou sob o pretexto de ganhar as multidões.

Minha primeira contenção é esta: as Escrituras não afirmam, em nenhuma de suas passagens, que prover entretenimento para as pessoas é uma função da igreja. Se esta é uma obra cristã, por que o Senhor Jesus não falou sobre ela? “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15) — isso é bastante claro. Se Ele tivesse acrescentado: “E oferecei entretenimento para aqueles que não gostam do evangelho”, assim teria acontecido. No entanto, tais palavras não se encontram na Bíblia. Sequer ocorreram à mente do Senhor Jesus. E mais: “Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres” (Ef 4.11). Onde aparecem nesse versículo os que providenciariam entretenimento? O Espírito Santo silenciou a respeito deles. Os profetas foram perseguidos porque divertiam as pessoas ou porque recusavam-se a fazê-lo? Os concertos de música não têm um rol de mártires.

Novamente, prover entretenimento está em direto antagonismo ao ensino e à vida de Cristo e de seus apóstolos. Qual era a atitude da igreja em relação ao mundo? “Vós sois o sal”, não o “docinho”, algo que o mundo desprezará. Pungente e curta foi a afirmação de nosso Senhor: “Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos” (Lc 9.60). Ele estava falando com terrível seriedade!

Se Cristo houvesse introduzido mais elementos brilhantes e agradáveis em seu ministério, teria sido mais popular em seus resultados, porque seus ensinos eram perscrutadores. Não O vejo dizendo: “Pedro, vá atrás do povo e diga-lhe que teremos um culto diferente amanhã, algo atraente e breve, com pouca pregação. Teremos uma noite agradável para as pessoas. Diga-lhes que com certeza realizaremos esse tipo de culto. Vá logo, Pedro, temos de ganhar as pessoas de alguma maneira!” Jesus teve compaixão dos pecadores, lamentou e chorou por eles, mas nunca procurou diverti-los. Em vão, pesquisaremos as cartas do Novo Testamento a fim de encontrar qualquer indício de um evangelho de entretenimento. A mensagem das cartas é: “Retirai-vos, separai-vos e purificai-vos!” Qualquer coisa que tinha a aparência de brincadeira evidentemente foi deixado fora das cartas. Os apóstolos tinham confiança irrestrita no evangelho e não utilizavam outros instrumentos. Depois que Pedro e João foram encarcerados por pregarem o evangelho, a igreja se reuniu para orar, mas não suplicaram: “Senhor, concede aos teus servos que, por meio do prudente e discriminado uso da recreação legítima, mostremos a essas pessoas quão felizes nós somos”. Eles não pararam de pregar a Cristo, por isso não tinham tempo para arranjar entretenimento para seus ouvintes. Espalhados por causa da perseguição, foram a muitos lugares pregando o evangelho. Eles “transtornaram o mundo”. Essa é a única diferença! Senhor, limpe a igreja de todo o lixo e baboseira que o diabo impôs sobre ela e traga-nos de volta aos métodos dos apóstolos.

Por último, a missão de prover entretenimento falha em conseguir os resultados desejados. Causa danos entre os novos convertidos. Permitam que falem os negligentes e zombadores, que foram alcançados por um evangelho parcial; que falem os cansados e oprimidos que buscaram paz através de um concerto musical. Levante-se e fale o alcoólatra para quem o entretenimento na forma de drama foi um elo no processo de sua conversão! A resposta é óbvia: a missão de prover entretenimento não produz convertidos verdadeiros. A necessidade atual para o ministro do evangelho é uma instrução bíblica fiel, bem como ardente espiritualidade; uma resulta da outra, assim como o fruto procede da raiz. A necessidade de nossa época é a doutrina bíblica, entendida e experimentada de tal modo, que produz devoção verdadeira no íntimo dos convertidos." (1)

O pregador brasileiro ouviu atentamente a mensagem de Spurgeon. Ao final do culto, o tupiniquim pastor, procurou o preletor daquela noite e disse:

-"Senhor Spurgeon, gostei da sua mensagem, mas, permita-me lhe ensinar algo." 

Spurgeon atentamente, consentiu com a cabeça permitindo que o pastor brasileiro lhe exortasse.

Ao perceber que o pastor do Tabernáculo Metropolitano havia permitido com que exposse sua opinião, o brasileiro lhe disse: 

- Pastor, o senhor está errado. Assim a gente não vai ganhar ninguém pra Jesus. Ninguém quer esse cristianismo careta, mesmo porque, as pessoas precisam ser atraidos por algo que lhes faça bem. Eu mesmo, sou louco por Jesus, o senhor não imagina o que eu tenho feito por ele."

- "Como assim, louco por Jesus?" Perguntou Spurgeon.

- "Ah! Por Cristo eu Já cheirei a Bíblia e agora eu preguei vestido de Chapolim, vc acredita nisso?" Respondeu o brasileiro.

-"Quem? Chapo o que? Indagou surpreso Spurgeon. 

- "Chapolim, um tipo de palhaço que fez muito sucesso no lugar em que vivo." Explicou o compenetrado  pastor brasileiro.

Spurgeon, perplexo com que o ouviu questionou: -" O Senhor está me dizendo, que subiu ao pulpito com palhaço para falar das sérias verdades do Cristianismo? É isso mesmo? 

-"Sim", respondeu o pastor tupiniquim.  "Aliás, vejo que o irmão não entende de nada, Pelo que vejo a sua teologia está lhe matando. Aconselho o senhor, a pegar a máquina do tempo e ir lá no Brasil e fazer um treinamento com alguns apostólos que são os melhores do mundo."

Spurgeon vendo que parte da  Igreja brasileira estava perdida em "loucuras" depremiu-se mais ainda, retirando-se para a Escola de Pastores no intuito de aconselhar os seus alunos a jamais fazerem de seus púlpitos lugar de entretenimento.

Quanto ao pastor brasileiro, voltou para o Brasil, pensando na próxima fantasia que usaria a fim de pregar aquilo que ele pensa ser o evangelho.

Por Renato Vargens.

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