sexta-feira, 13 de março de 2020

8 Coisas que o Coronavírus Deve Nos Ensinar.





Eu acordei nesta manhã em Nápoles, a terceira cidade italiana que foi colocada em quarentena. Aglomerações publicas, incluindo cultos das igrejas, foram proibidos. Casamentos, funerais, e batismos foram cancelados. Escolas e cinemas, museus e academias, estão fechados. Minha esposa e eu acabamos de retornar de uma ida as compras que nos tomou duas horas na fila para o caixa. A Itália, correntemente, tem reportado os maiores números de casos de coronavírus fora da China: 9.172 casos e 463 mortes. Como resultado, 60 milhões de pessoas tem sido orientadas a permanecerem em suas casas, saindo somente em casos absolutamente necessários.
Como cristãos, como respondemos a tal crise? Resposta: com fé e não medo. Nós devemos olhar para o olho da tempestade e perguntar: Senhor, o que o Senhor espera que eu aprenda disso? Como o Senhor quer me mudar?
Aqui estão 8 coisas que todos nós deveríamos realmente aprender, ou reaprender, deste coronavírus.

1. Nossa Fragilidade

Essa crise global está nos ensinando o quão fraco somos como seres humanos.
No momento em que escrevo, 98.429 casos de coronavírus foram reportados mundialmente, causando 3.387 mortes. Nós estamos tentando fazer o nosso melhor para conter propagação. E, na maioria das vezes, eu acho que somo confiantes demais do eventual sucesso.
Agora imagine um vírus ainda mais agressivo e contagioso do que coronavírus. Encarado como uma ameaça, nós podemos prevenir a nossa extinção como espécie? A resposta é claramente não. É fácil esquecer, mas os humanos são fracos e frágeis.
As palavras do salmista são verdade: “15Quanto ao homem, os seus dias são como a relva; como a flor do campo, assim ele floresce; 16pois, soprando nela o vento (ou COVID-19), desaparece; e não conhecerá, daí em diante, o seu lugar.” (Salmo 103.15-16)
Como compreendemos essa lição sobre nossa fragilidade? Talvez lembrando que não devemos tomar vida nesta terra como garantia. “ 12Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio.” (Salmo 90.12)

2. Nossa igualdade

Esse vírus não respeita limites étnicas ou fronteiras nacionais. Não é um vírus chinês; é nosso o vírus. Está no Afeganistão, na Bélgica, no Cambodia, na Dinamarca, França, América – 77 países, e contando, já foram contaminados pelo coronavírus.
Nós somos todos membros da grande família humana, criados a imagem de Deus (Gn. 1.17). A cor da nossa pele, o idioma que falamos, nossos sotaques, e nossas culturas não são levadas em consideração aos olhos de uma doença contagiosa.
Em nosso sofrimento, na dor de perder um ente querido, nós somos completamente iguais – fracos e sem respostas.
Aos olhos do mundo nós somos todos diferentes; aos olhos do vírus, nós somos iguais.

3. Nossa falta de controle

Todos nós amamos estar no controle. Nós fantasiamos que somos os capitães do nosso destino, mestres da nossa sorte. A realidade é que hoje, mais do que antes, nós podemos controlar partes significantes das nossas vidas. Nós podemos controlar o aquecimento e a segurança da nossa casa remotamente; nós podemos movimentar o dinheiro ao redor do mundo com um clique em um aplicativo; nós podemos controlar nossos corpos através de treinamento e de medicações.
Mas talvez esse senso de controle seja uma ilusão, uma bolha que o coronavírus estourou, revelando a realidade que nós não estamos realmente no controle.
Agora, aqui na Itália, as autoridades estão tentando conter a propagação desse vírus fechando, abrindo e fechando novamente as escolas de nossos filhos. Eles têm a situação sob controle?
E nós? Armados com nossos sprays desinfetantes, nós tentamos reduzir os riscos de sermos infectados. Não há nada de errado em fazermos isso. Mas, nós estamos no controle da situação? Dificilmente.

4. A dor que compartilhamos em sermos excluídos

Há alguns dias uma membro de nosso igreja viajou para o norte da Itália. No seu retorno para Nápoles, ela foi excluída de um jantar com colegas de trabalho. Disseram a ela que seria melhor para ela não comparecer devido as suas recentes viagens ao norte, mesmo eles sabendo que ela não tinha estado perto de nenhuma área de risco e não estava mostrando nenhum sintoma do coronavírus. Obviamente, esse distrato a machucou.
Um proprietário, de 55 anos de idade, de um restaurante no centro de Nápoles foi recentemente colocado em quarentena. Tendo dado positivo os testes para COVID-19, diziam que ele se sentia relativamente bem fisicamente, mas que ficou triste pelas reações de muitos de seus vizinhos: “O que mais o machucou não foi o resultado positivo para o coronavírus, mas a maneira que ele e sua família foram tratados pela cidade em que eles viviam.” (Jornal Matutino II, 2 de Março de 2020).
Ser excluído e isolado não é uma coisa fácil, tendo em vista que fomos criados para relacionamentos. Mas muitas pessoas, agora, estão tendo que lidar com o isolamento. É uma experiência que a comunidade leprosa dos dias de Jesus conhecia muito bem. Eram forçados a viverem sozinhos, andando pelas ruas de suas cidades gritando: “Imundo! Imundo!” (Confira Lev. 13.45).

5. A diferença entre medo e fé

Qual é a sua reação para com essa crise? É fácil ser dominado pelo medo. É fácil ver o coronavírus em todo o lugar que eu olho: no teclado do meu computador, no ar que eu respiro, em cada contato físico e em cada esquina, esperando para me infectar. Nós estamos em pânico?
Ou talvez essa crise está nos desafiando a reagir de maneira diferente – com fé e não com medo. Não fé nas estrelas ou em alguma deidade desconhecida. Em vez disso, fé em Cristo, o bom pastor que é também a ressurreição e vida.
Certamente somente Jesus está no controle desta situação; certamente somente ele pode nos conduzir através desta tempestade. Ele nos chama para confiar e crer, para ter fé e não medo.

6. Nossa necessidade de Deus e nossa necessidade de orarmos

No meio de uma crise global, como nós podemos como indivíduos fazer a diferença? Frequentemente nós nos sentimos pequenos e insignificantes.
Há algo que podemos fazer. Nós podemos clamar ao nosso Pai Celestial.
Ore pelas autoridades que governam nossos países e cidades. Ore pelos times médicos que estão tratando a doença. Ore pelos homens, mulheres e crianças que já foram infectados, pelas pessoas que estão com medo de deixar suas casas, por aqueles que vivem nas áreas de risco, por aqueles que estão nos grupos de risco com outras doenças e pelos idosos. Ore para que Deus possa nos proteger e guardar. Ore a Ele, para que ele possa nos conceder misericórdia.
Ore também para que o Senhor Jesus retorne, que ele possa voltar e nos levar para a nova criação que ele tem preparado para nós, um lugar que não haverá mais lagrimas, nem morte, nem luto, nem choro ou dor (Ap 21.4)

7. A vaidade de muitas coisas da nossa vida

“Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade” (Eclesiastes 1.2). É muito fácil perdermos a perspectiva no meio das loucuras da nossa vida. Nossos dias estão tão cheios com pessoas e projetos, trabalhos e listas de desejos, casas e feriados, que nós podemos tem dificuldades para distinguir o importante do urgente. Nós nos perdemos no meio das nossas vidas.
Talvez essa crise nos relembre com o que devemos nos preocupar nas nossas vidas. Talvez nos ajude a distinguir entre o que é significativo e o que é sem sentido. Talvez o campeonato de futebol, ou aquela cozinha nova, ou aquele post no Instagram não seja essencial para minha sobrevivência. Talvez o coronavírus esteja nos ensinando o que realmente importa.

8. Nossa Esperança

Neste sentido, a questão mais importante não é, “Que esperança você tem ao se deparar com o coronavírus?” porque Jesus veio para nos alertar sobre a presença de um vírus muito mais letal e já espalhado – um que já atingiu todo homem, mulher e criança. Um vírus que não termina só na morte certa, mas na morte eterna. Nossa espécie, de acordo com Jesus, vive no surto de uma pandemia chamada pecado. Qual é a sua esperança diante desse vírus?
A história da Bíblia é a história de um Deus que entrou em um mundo infectado com esse vírus. Ele viveu com pessoas doentes, sem vestir uma roupa de proteção química, mas respirando o mesmo ar que nós respiramos, comendo a mesma comida que comemos. Ele morreu isolado, excluído do seu povo, aparentemente longe do seu Pai em uma cruz – tudo que ele pode fornecer a este mundo doente como um antidoto para o vírus, para que ele possa nos curar e nos dar a vida eterna. Ouça suas palavras:
25Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; 26e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente. Crês isto?” (João 11.25-16
Traduzido por Jonatas Miranda

Por Mark Oden - Pastor da Igreja Evangélica de Nápoles em Nápoles, Itália. Um ex-Oficial da marinha Real, ele é graduado em teologia pela Oak Hill Theological College em Londres. Ele e sua esposa Jane tem quatro filhos

quinta-feira, 12 de março de 2020

Seis pontos de meu calvinismo.


É claro que estou brincando – o calvinismo tem muito mais do que cinco ou seis pontos. Esses que vou citar são alguns dos que creio com respeito à salvação. E mesmo assim, nem todos os que se consideram calvinistas concordariam completamente comigo. Meu alvo é tentar esclarecer o que calvinistas, em geral, acreditam sobre a soberania de Deus e a responsabilidade humana. Não coloquei textos bíblicos, pois não quero provar nada – só explicar o que acredito como calvinista.
1 – Creio que Deus predestinou tudo o que acontece. O Deus que determinou todas as coisas é um Deus pessoal, inteligente, justo, santo e bom, que traçou seus planos infalíveis levando em conta a responsabilidade moral de suas criaturas. Ele não é uma força impessoal, como o destino. Portanto, as decisões que tomamos não são mera ilusão e nossa sensação de liberdade ao tomá-las não é uma farsa. Eu acredito que as nossas decisões e escolhas são bem reais e que fazem a diferença. Elas não são uma brincadeira de mau gosto da parte de Deus. De uma maneira para mim misteriosa, porém perfeitamente compatível com um Deus onipotente e infinito, ele consegue ser soberano sem que a vontade de suas criaturas seja violentada. Ao mesmo tempo, ao final, sempre prevalecerá aquilo que Deus já determinou desde a eternidade. Encaro essa relação entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana como sendo parte dos mistérios acerca do ser Deus, como a doutrina da Trindade e das duas naturezas de Cristo
2 – Creio que Deus predestinou desde a eternidade aqueles que irão se salvar. Esta convicção não me impede de orar pelos descrentes e evangelizar. Ao contrário, evangelizo com esperança, pois Deus haverá de salvar pecadores. Creio que Deus já sabe, mas oro assim mesmo. Sei que ele ouve e responde, e que minhas orações fazem a diferença. Sei também que, ao final, através de minhas orações, Deus terá realizado toda a sua vontade. Não sei como ele faz isso. Mas, não me incomoda nem um pouco. Não creio que minha oração seja um movimento ilusório no tabuleiro da soberania divina.
3 – Não creio que Deus predestinou todos para a salvação. Da mesma forma, não creio que ele foi injusto e nem que ele fez acepção de pessoas para com aqueles que não foram eleitos. Não creio que Deus tenha predestinado inocentes ao inferno, pois não há inocentes entre os membros da raça humana. E nem acredito que ele tenha deixado de conceder sua graça a quem merecia recebê-la, pois igualmente não há pessoa alguma que mereça qualquer coisa de Deus, a não ser a justa condenação por seus pecados. Deus predestinou para a salvação pecadores perdidos, merecedores do inferno. Ao deixar de predestinar alguns, ele não cometeu injustiça alguma, no meu entender, pois não tinha qualquer obrigação moral, legal ou emocional de lhes oferecer qualquer coisa.
4 – Creio que Deus sabe o futuro, não porque previu o que ia acontecer, mas porque já determinou tudo que acontecerá. Por isso, entendo que a presciência de que a Bíblia fala é decorrente da predestinação, e não o contrário. Negar a predestinação e insistir somente na presciência de Deus com o alvo de proteger a liberdade do homem levanta outros problemas. Quem criou o que Deus previu? E, se Deus conhece antecipadamente a decisão livre que um homem vai tomar no futuro, então ela não é mais uma decisão livre.
5 – Creio que apesar de ter decretado tudo que existe desde a eternidade, Deus acompanha a execução de seus planos dentro do tempo, e se comunica conosco nessa condição. Quando a Bíblia fala de um jeito que parece que Deus nem conhece o futuro e que muda de ideia algumas vezes, é Deus falando como se estivesse dentro do tempo e acompanhando em sequência, ao nosso lado, os acontecimentos. É a única maneira pela qual ele pode se fazer compreensível a nós. Quem melhor explica isso é John Frame, no livro "Não Há Outro Deus," da Editora Cultura Cristã, que recomendo entusiasticamente.
6 – Creio que Deus é soberano e bom. A contradição que parece haver entre um Deus soberano e bom que governa totalmente o universo, por um lado, e por outro, e a presença do mal nesse universo é apenas aparente e, por enquanto, sem explicação. Diante da perversidade e dos horrores desse mundo, alguns dizem que Deus é soberano mas não é bom, pois permite tudo isto. Outros, que ele é bom mas não é soberano, pois não consegue impedir tais coisas. Para mim, a Bíblia diz claramente que Deus não somente é soberano e bom – mas que ele é santo e odeia o mal. Ao mesmo tempo, a Bíblia reconhece a presença do mal do mundo e a realidade da dor e do sofrimento que esse mal traz. Ainda assim, não oferece qualquer explicação sobre como essas duas realidades podem existir ao mesmo tempo. Simplesmente afirma ambas e pede que vivamos na certeza de que um dia Deus haverá, mediante Jesus Cristo, de extinguir completamente o mal e seus efeitos nesse mundo.
Deve ter ficado claro que um calvinista, para mim, é basicamente um cristão que aceita o que a Bíblia diz sobre a relação entre Deus e o homem e reconhece que não tem todas as explicações para as questões levantadas. Para muitos, esse retrato é de alguém teologicamente fraco e no mínimo confuso. Mas, na verdade, é o retrato de quem deseja calar onde a Bíblia se cala.

Rev Augustus Nicodemus Lopes.

Coronavírus ou “Corona-tiros”?


Um homem entrega comida em um bairro isolado na cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto, em 23 de fevereiro.


O mundo inteiro parou em razão da histeria coletiva que tomou conta das nações diante do novo vírus Covid-19. A descoberta do coronavírus impactou o mercado, as indústrias, escolas e a dinâmica das pessoas. É bom lembrar que, recentemente, tivemos outros vírus apavorantes: Ebola, SARS, H1N1... Houve certo pânico social no surgimento de todos eles. 

Infectologista brasileiro reconhecido internacionalmente, Vladimir Cantarelli afirma que a doença transmitida por este vírus nada mais é do que uma gripe forte e que, se entrarmos no site da OMS, veremos que dois milhões de pessoas morrem anualmente no mundo por causa de gripe. O perfil das pessoas que faleceram vitimadas pelo Covid-19, no geral, são idosas e com problemas bronco-pulmonares e respiratórios. Mas vale lembrar que todos os anos, apenas no inverno chinês, morrem, aproximadamente, entre 7 a 8 mil pessoas por causa da gripe. 

Os remédios para gripe não curam, mas amenizam o quadro e trazem bem estar. O que ataca o vírus é a defesa do organismo. Este vírus certamente chegaria ao Brasil, porque não é possível fechar as fronteiras. Ora, um vírus pode dar uma volta ao mundo em uma semana e assim aconteceu! 

O Tamiflu, remédio para combater o H1N1 trouxe uma riqueza impressionante aos seus fabricantes. O coronavírus, apesar de ainda não estar catalogado, é muito mais frágil que os outros vírus. Entretanto, há aspectos econômicos e políticos envolvidos. Por exemplo: a China, país fechado por causa da ditadura comunista, controla os meios de comunicação e informa apenas o que o governo julga importante. 

Atualmente, oito dos maiores laboratórios do mundo estão trabalhando 24 horas por dia para descobrir a vacina que impedirá a ação do Covid-19. Qual é o objetivo? Criar o medicamento que, em 90 dias, levará bilhões de dólares aos cofres dos fabricantes. 

Apesar das precauções higiênicas que precisamos tomar, não há mesmo razão para pânico e todos os especialistas afirmam a mesma coisa. Vale lembrar que aqui no Brasil temos razões muito mais fortes para nos sentir apavorados! De acordo com o Ministério da Saúde, em 2019 foram registrados um milhão, 544 mil 987 novos casos de dengue (1.544.987), denotando um aumento de 488% em relação aos números de 2018. Desse total, 782 pessoas morreram no nosso País. Também no ano passado, o Vírus H1N1 matou um mil 381 pessoas, sendo 55% das vítimas com idade acima de 60 anos. 

Outro “vírus” perigoso que segue atingindo ferozmente grupos mais vulneráveis é a fome. Cinco mil 653 pessoas morreram de desnutrição no Brasil em 2017, uma média de mais de 15 pessoas/dia. Em 2004, cerca de 4.6% da população era desnutrida. Em 2018 essa estatística caiu para 2.5%, mas ainda assim são cinco milhões de brasileiros desnutridos. 

Agora, o “vírus” mais assustador, que mais tem matado brasileiros, continua sendo a violência. No ano passado foram 41 mil 635 assassinatos no País contra 51 mil 558 casos em 2018 - trata-se do menor número de crimes violentos desde 2007. Ainda assim, um número assustador. 

Qual a razão de tantas mortes? O ódio, as desavenças até mesmo fúteis, a luta pelo poder e dinheiro, a violência contra a mulher e contra as crianças, a falta de respeito e de amor em casa. O grande e mortal vírus que temos de combater é a insensibilidade. Este é o pior de todos os vírus. E poucos parecem estar se importando com ele.

Rev Samuel Vieira.

CORONEL JOÃO DOURADO (1854-1927)

Alderi Souza de Matos João da Silva Dourado nasceu em Caetité, sul da Bahia, no dia 7 de janeiro de 1854. Era filho de João José da Silva Do...