domingo, 31 de março de 2013

CARTA A UM JOVEM EVANGÉLICO QUE FAZ SEXO COM A NAMORADA





[Os nomes foram trocados para proteger as pessoas. Embora algumas circunstâncias mencionadas na carta sejam totalmente fictícias, o caso é mais real do que se pensa...]

Meu caro Ricardo,

Ontem estive pregando em sua igreja e tive a oportunidade de rever João, nosso amigo comum. Não lhe encontrei. João me disse que você e a Raquel, sua namorada, tinham saído com a turma da mocidade para um acampamento no fim de semana e que só regressariam nessa segunda bem cedo.

Saí com o João para comer pizza após o culto e falamos sobre você. João abriu o coração. Ele está muito preocupado com você, desde que você disse a ele que tem ido com Raquel para motéis da cidade e às vezes até mesmo depois do culto de jovens no sábado à noite. Ele falou que já teve várias conversas com você mas que você tem argumentado defendendo o sexo antes do casamento como se fosse normal e que pretende casar com Raquel quando terminarem a faculdade.

Ele pediu minha ajuda, para que eu falasse com você, e me autorizou a mencionar nossa conversa na pizzaria. Relutei, pois acho que é o pastor de sua igreja que deve tratar desse assunto. Você e a Raquel, afinal, são membros comungantes dessa igreja e estão debaixo da orientação espiritual dela. Mas, João me disse que o pastor faz de conta que não sabe que essas coisas estão acontecendo na mocidade da igreja. Como sou amigo da sua família fazem muitos anos, desde que vocês freqüentaram minha igreja em São Paulo, resolvi, então, escrever para você sobre esse assunto, tendo como base os argumentos que você usou diante de João para justificar sua ida a motéis com a Raquel.

Se entendi direito, você argumenta que não há nada na Bíblia que proiba sexo antes do casamento. É verdade que não há uma passagem bíblica que diga "não farás sexo antes do casamento;" mas existem dezenas de outras que expressam essa verdade com outras palavras e de outras maneiras. Podemos começar com aquelas que pressupõem o casamento como sendo o procedimento padrão, legal e estabelecido por Deus para pessoas que desejam viver juntas (veja Mateus 9:15; 24:38; Lucas 12:36; 14:8; João 2:1-2; 1Coríntios 7:9,28,39), aquelas que abençoam o casamento (Hebreus 13:4) e aquelas que se referem ao divórcio - que é o término oficial do casamento - como algo que Deus aborrece (veja Malaquias 3:16; Mateus 5:31-32).

Podemos incluir ainda aquelas passagens contra os que proíbem o casamento (1Timóteo 4:3) e as outras que condenam o adultério, a fornicação e a prostituição (veja Mateus 5:28,32; 15:19; João 8:3; 1Coríntios 7:2; 6:9; Gálatas 5:19; Efésios 5:3-5; Colossenses 3:5; 1Tessalonicenses 4:3-5; 1Timóteo 1:10; Hebreus 13:4; Apocalipse 21:8; 22:15). Qual é o referencial que nos possibilita caracterizar esses comportamentos como desvios, impureza e pecado? O casamento, naturalmente. Adultério, prostituição e fornicação, embora tendo nuances diferentes, têm em comum o fato de que são relações sexuais praticadas fora do casamento. Se o casamento, que implica num compromisso formal e legal entre um homem e uma mulher, não fosse a situação normal onde o sexo pode ser desfrutado de maneira legítima, como se poderia caracterizar como desvio o adultério, a fornicação ou a prostituição? A Bíblia considera essas coisas como pecado e coloca os que praticam a impureza sexual e a imoralidade debaixo da condenação de Deus - a menos que se arrependam, é claro, e mudem de vida.

Você argumenta também que o casamento é uma conveniência humana e que muda de cultura para cultura. Bom, é certo que o casamento tem um caráter social, cultural e pessoal. Todavia, do ponto de vista bíblico, não se pode esquecer que foi Deus quem criou o homem e a mulher, que os juntou no jardim, e disse que seriam uma só carne, dando-lhes a responsabilidade de constituir família e dominar o mundo. O casamento é uma instituição divina a ser realizada pelas sociedades humanas. Embora as culturas sejam distintas, e os rituais e procedimentos dos casamentos sejam distintos, do ponto de vista bíblico o casamento implica em reconhecimento legal daquela união por quem de direito, trazendo implicações para a criação e tutela dos filhos, sustento da casa e também responsabilidades e conseqüências em caso de separação e repúdio. Quando duas pessoas resolvem ir morar juntas como se fossem casadas, essa decisão não faz delas pessoas casadas diante de Deus - mas (desculpe a franqueza), pessoas que estão vivendo em imoralidade sexual.

É verdade que a legislação de muitos países tem cada vez mais reconhecido as chamadas uniões estáveis. É uma triste constatação que o casamento está cada vez mais sendo desvalorizado na sociedade moderna ocidental. Todavia, esses movimentos no mundo e na cultura não são a bússola pela qual a Igreja determina seu norte - e sim a Palavra de Deus. Em muitas culturas a legislação tem sancionado coisas que estão em contradição com os valores bíblicos, como aborto, eutanásia, uniões homossexuais, uso de drogas, etc. A Igreja deve ter uma postura crítica da cultura, tendo como referencial a Palavra de Deus.

O João me disse ainda que você considera que o mais importante é o amor e a fidelidade, e que argumentou que tem muita gente casada mas infeliz e infiel para com o cônjuge. Ricardo, é um jogo perigoso tentar justificar um erro com outro. Gente casada que é infiel não serve de desculpas para quem quer viver com outra pessoa sem se casar com ela. Além do mais, como pode existir o conceito de fidelidade numa união que não tem caráter oficial nem legal, e que não teve juramentos solenes feitos diante de Deus e das autoridades constituídas? Mesmo que você e sua namorada façam uma "cerimônia" particular onde só vocês dois estão presentes e onde se casem a si mesmos diante de Deus - qual a validade disso? As promessas de fidelidade trocadas por pessoas não casadas têm tanto valor quanto um contrato de gaveta. Lembre inclusive que não é a Igreja que casa, e sim o Estado. Naqueles casamentos religiosos com efeito civil, o pastor ou padre está agindo com procuração do juiz.

Não posso deixar de mencionar aqui que na Bíblia o casamento é constantemente referido como uma aliança (veja Ezequiel 16:59-63). Deus é testemunha dessa aliança feita no casamento, a qual também é chamada de "aliança de nossos pais", uma referência ao caráter público da mesma (não deixe de ler Malaquias 2:10-16).

Não fiquei nem um pouco surpreso com seu outro argumento para fazer sexo com sua namorada, que foi "é importante conhecer bem a pessoa antes do casamento". Já ouvi esse argumento dezenas de vezes. E sempre o considerei uma burrice - mais uma vez, desculpe a franqueza. Em que sentido ter relações sexuais com sua namorada vai lhe dar um conhecimento dela que servirá para determinar se o casamento vai dar certo ou não? Embora o sexo seja uma parte muito importante do casamento, o que faz um casamento funcionar são os relacionamentos pessoais, a tolerância, a compreensão, a renúncia, o amor, a entrega, o compartilhar... você pode descobrir antes do casamento que sua namorada é muito boa de cama, mas não é o desempenho sexual de vocês que vai manter ou salvar seu casamento. Esse argumento parte de um equívoco fundamental com relação à natureza do casamento e no fim nada mais é que uma desculpa tola para comerem a sobremesa antes do almoço.

Agora, o pior argumento que ouvi do João foi que você disse "a graça de Deus tolera esse comportamento." Acho esse o pior argumento porque ele revela uma coisa séria em seu pensamento, que é tomar a graça de Deus como desculpa para um comportamento imoral. Esse sempre foi o argumento dos libertinos ao longo da história da igreja. O escritor bíblico Judas, irmão de Tiago, enfrentou os libertinos de sua época chamando-os de "homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo" (Judas 4). Esse é o caminho de Balaão "o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição" (Apocalipse 2:14). É a doutrina da prostituta-profetisa Jezabel, que seduzia os cristão "a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos" (Apocalipse 2:20) e a conhecer "as coisas profundas de Satanás" (Apocalipse 2:24).

Como seu amigo e pastor, permita-me exortá-lo a cair fora dessa maneira libertina de pensar, Ricardo, antes que sua consciência seja cauterizada pelo engano do pecado (Hebreus 3:13). Ainda há tempo para arrependimento e mudança de atitude. A abstinência sexual é o caminho de Deus para os solteiros, e esse estilo de vida é perfeitamente possível pelo poder do Espírito, ainda que aos olhos de outros seja a coisa mais careta e retrógrada que exista. Se você realmente pensa em casar com a Raquel e constituírem família, o melhor caminho é pararem agora de ter relações e aguardarem o dia do casamento. Vocês devem confessar a Deus o seu pecado e um ao outro, e seguir o caminho da abstinência, com a graça de Deus.

Estou à sua disposição para conversarmos pessoalmente. Traga a Raquel também. Estou orando por vocês.

Um grande abraço, Pr. 
 

PORNOGRAFIA NA INTERNET



 

David Clark




Nos últimos três artigos, consideramos os aspectos da Internet que possuem ramificações tanto positivas quanto negativas. Infelizmente, não há como escapar do assunto que precisamos considerar agora. Não há benefício algum nele, apenas pecaminosidade, trevas e os malefícios que destroem vidas. Ninguém que possua uma conta de e-mail ou tenha navegado na Internet por mais do que alguns minutos escapa das trevas intrusivas que esse pecado e essa indústria dirigida pelo dinheiro têm lançado sobre nós.  Vários sites oferecem um certo anonimato ao usuário, o que lhe dá mais coragem para acessá-los. É preciso muito cuidado com sites de avatares e personagens virtuais, como o Second Life e seus diversos mundos, especialmente o Zindra. Second Life não é um lugar para crentes e mostra como o coração não alcançado pela luz do evangelho se inclina naturalmente para o mal.
A pornografia arruína vidas
Não nos enganemos quanto a isso, esse mal tem tudo a ver com dinheiro. A indústria da pornografia online gera dez bilhões de dólares por ano.[i] Essa é uma indústria que causa vício e dependência profunda, tira vantagem de nossos desejos pecaminosos, faz dos fracos sua presa e destrói vidas.
Sr. “J”, um homem de 26 anos, viciado em pornografia na Internet, declarou:
“Vou ao trabalho, vou ao colégio e gasto tempo com minha família. As pessoas ao meu redor não sabem que sou a casca de uma pessoa. Elas não têm idéia de que sinto que minha vida não vale a pena ser vivida... Eu me consumi cada vez mais vendo pornografia na Internet por horas a fio... Tornei-me cada vez mais irado com o mundo... Não há como desfazer isso agora. A única coisa que me alivia a dor, me leva ainda mais para baixo nesse buraco... Arruinei minha vida e o fiz no dia em que me sentei em frente ao meu computador novamente”.[ii]
Respondendo ao Sr. “J”, Max comentou:
“Que história triste. Posso sentir a dor dele agora. Fui viciado em pornografia. Sei o quanto isso é destrutivo. Ela não lhe permite pensar em outra coisa e o arruína aos poucos, mental e fisicamente. Os viciados em pornografia não se interessam por coisa alguma, nem mesmo gostam de se socializar. O mundo passa a ser um inferno para eles. Esse sentimento os leva à depressão – você pára de acreditar em si mesmo e  sente-se como um criminoso o tempo todo. Resumindo, isso destrói sua vida”.
Estatísticas
A pornografia é facilmente encontrada na Internet. Eis algumas estatísticas:
  1. Há 4,2 milhões de websites pornográficos na rede (12% do total de websites).
  2. Todos os dias, uma em cada quatro buscas (68 milhões) e dois bilhões e meio de e-mails (8% do total de e-mails ou 4,5 e-mails para cada usuário de Internet) são sobre pornografia.[iii]
  3. A média de idade para que alguém se exponha à pornografia na Internet é de 11 anos.[iv]
  4. 90% das pessoas entre 8 e 16 anos que têm visto pornografia online o fizeram principalmente enquanto realizavam as tarefas escolares.
As igrejas não estão imunes
John Steley é um psicólogo que contribuiu muito para o último artigo desta série e também dá palestras no London Theological Seminary sobre abuso na Internet. Em seu fascinante artigo, ele escreve: “Trabalho com pessoas de um grande número de igrejas cristãs e sociedades missionárias, incluindo as evangélicas conservadoras. O que ouvi daqueles a quem encontrei levou-me a concluir que o uso da pornografia na Internet é um problema significativo na igreja hoje. Nenhum de nós deveria se considerar imune a essa tentação”.[v]
Outras pesquisas têm confirmado isso. Um relatório recente, tendo como referência os Estados Unidos, concluiu que as “assinaturas em sites pornográficos são mais predominantes onde as pesquisas indicam haver posições mais conservadoras em relação à religião, gênero, papéis sociais e sexualidade”.[vi] Ironicamente, o relatório afirma que “em tais regiões, aos domingos, há uma proporção estatisticamente menos significativa de assinaturas”!
Esse problema não se restringe aos homens. Uma em cada seis mulheres (17%), incluindo mulheres crentes, luta com o vício em pornografia.[vii]
Nem mesmo os pastores estão imunes a isso. Uma organização dedicada a ajudar crentes que sofrem com a pornografia na Internet informou que 53% dos homens crentes consomem pornografia; 51% dos pastores afirmam que a pornografia é uma tentação, enquanto que 37% deles dizem que isso é uma luta atual, e 18% dos pastores vêem pornografia algumas vezes por mês.[viii] Outros estudos confirmam esse problema. Uma pesquisa na Internet, conduzida por Rick Warren, da igreja Saddleback, em 2002, descobriu que 30% de 6000 pastores haviam visto pornografia na Internet nos 30 dias anteriores à pesquisa.[ix]
Não basta enterrar nossas cabeças na areia e fingir que a pornografia na Internet acontece em “algum lugar”. Não podemos nos esconder por detrás da fachada de que, porque somos “Crentes Reformados”, isso não pode afetar a nós ou a nossa igreja. A privacidade que a Internet oferece cria a oportunidade para se visitar sites pornográficos sem que mais ninguém o saiba. Quantos de nossos membros de igreja, pastores, jovens, diáconos, presbíteros e líderes de jovens escondem um vício secreto? Podemos dizer realmente que estamos imunes a isso?
World Magazine, uma publicação semanal reformada, dos Estados Unidos, relatou sobre o “Sr. Burgin”, que durante 20 anos, freqüentou a igreja e foi pastor. Ele era “confiável, respeitável e parecia ter uma reputação impecável”. Mas por debaixo da grossa camada do verniz das orações serenas e sermões doutrinariamente sadios, esse pastor conservador abrigava um monstro. “Eu era um mestre da duplicidade” – afirmou Sr. Burgin sobre seu vício em pornografia na Internet. Durante todo o seu ministério e até mesmo antes dele, Sr. Burgin caía silenciosamente num círculo de vergonha, arrependimento e quebra de promessas... Apesar de sua consciência repleta de culpa, Sr. Burgin pregava com freqüência sobre pureza sexual, passando por esses sermões sem ser descoberto. Ele disse: “Eu deixava isso num compartimento de minha mente”. “Racionalizava e subestimava a questão”. Quando foi descoberto, perdeu sua família e seu ministério, sua reputação foi desonrada, e o Sr. Burgin voltou-se para a igreja, a fim de obter ajuda, mas pouco encontrou. Ele afirmou: “As igrejas não sabem como lidar comigo”.[x]
Uma resposta positiva da igreja Carey Baptist, na cidade de Reading
Numa sociedade onde se estima que 70% dos homens e 21% das mulheres lutam com a pornografia online, não é de surpreender que os líderes eclesiásticos se deparem com um bom número de crentes, principalmente homens, que desejam ajuda nessa questão. Alguns deles são membros que ficaram viciados em pornografia na Internet no passado e não desejam voltar a esse caminho novamente; outros são aqueles que querem se manter puros em meio aos ataques violentos da época. Ambos os grupos devem ser elogiados e encorajados.
Assim como muitas igrejas, a igreja Carey Baptist, em Reading, recomenda que aqueles que desejam ajuda inscrevam-se no programa Covenant Eyes (Aliança com os Olhos). Iniciado em março de 2000, esse programa ajuda as pessoas a permanecerem puras enquanto estão online, monitorando seu uso da Internet e enviando um relatório por e-mail a um amigo, a quem devem prestar contas de todos os web sites visitados. Esse amigo pode ser um pastor, um presbítero, um líder de jovens ou um parente. A idéia é que se o usuário souber que o parceiro a quem prestas contas seguirá seu rastro no uso da Internet, será menos provável que ele visite sites questionáveis. Recomendamos esse esquema por que:
  • É barato.
  • É difícil de ser ignorado.
  • Os relatórios podem ser enviados semanalmente ao amigo a quem se prestas contas, possibilitando uma ajuda pastoral imediata, caso haja um deslize.
  • É baseado no princípio bíblico de que os crentes prestam contas a Deus e uns aos outros.
  • Desejamos fazer tudo quanto pudermos para ajudar os outros a buscarem a santidade.
Estamos certos de que Jó (Jó 31.1) e, mais importante ainda, Jesus, estimulariam as pessoas a usarem esse esquema.
Basil Howlet
A revista Christianity Today concorda: “não suponha que a pornografia não seja um problema na igreja. Um líder evangélico era cético quanto às descobertas das pesquisas de que 50% dos homens crentes haviam olhado pornografia havia pouco tempo. Então, fez uma pesquisa em sua própria igreja. Ele descobriu que 60% deles havia feito isso no ano anterior, e 25% deles, nos 30 dias que antecederam a pesquisa. Outras pesquisas revelam que um a cada três visitantes de websites adultos são mulheres”.[xi]
Como podemos reagir a isso?
Ao considerarmos essa área, percebemos que a pornografia, em todas as suas formas, baseada na Internet ou não, é errada. E há princípios bíblicos que devem ser aplicados a ela:
  1. Auto-exame. Talvez, isso não seja enfatizado devido ao medo da introspecção ou da obsessão moderna pelo eu. No entanto, na Bíblia, somos chamados a “examinar a nós mesmos” (1 Co 11.26; Gl 6.4). Se tivermos uma fraqueza particular, a Bíblia nos diz para fugirmos dela (1 Co 6.18; 1 Tm 6.11). A descrição do pecado em Tiago 1.14 e 15 fala de sermos “atraídos e seduzidos” pela nossa própria cobiça. Se o pecado da imoralidade sexual ou da pornografia é uma fraqueza particular para nós, em primeiro lugar, devemos reconhecê-lo, depois, buscar ajuda ou nos afastar de qualquer coisa que possa nos levar a esse pecado particular, inclusive da Internet.
  2. Domínio próprio. Como dissemos nos artigos anteriores, a graça cristã do domínio próprio aparece na lista daquilo que devemos associar à nossa fé (2 Pe 1.6). Vez após vez, nas Escrituras, bem como na vida cotidiana, temos exemplos de pessoas que caíram no pecado devido à falta de domínio próprio. O problema do domínio próprio na área da conduta sexual pode afetar até a melhor das pessoas. O rei Davi era conhecido como servo de Deus (At 4.25), mas até mesmo ele foi vencido por seus desejos sexuais por Batseba (2 Sm 11) e por sua falta de domínio próprio nessa questão.
  3. Prestação de contas. Vivemos numa era em que nos dizem que “seja o que for que alguém faça na privacidade de seu lar” é problema dele. Na mente de alguns, a pornografia na Internet é justificável porque “não prejudica ninguém” e é algo feito na privacidade do lar. Entretanto, como já vimos, isso simplesmente não é verdade. A Bíblia nos diz que devemos prestar contas a Deus de nossos pensamentos, palavras, obras ou falta de ação (Mt 12.36; Rm 14.12). Além disso, a igreja do Novo Testamento enfatiza a idéia da mútua prestação de contas. Não somente os presbíteros prestarão contas pelo modo como lideram a igreja local (Hb 13.17), mas também nós somos encorajados a confessar “nossos pecados uns aos outros” e a orar “uns pelos outros” (Tg 5.16). Somos uma família de crentes, todos nós dependemos uns dos outros (1 Co 12). Devemos desenvolver uma sinceridade familiar uns com os outros, um desejo de compartilhar, de ajudar e, o mais difícil, uma disposição para sermos ajudados. A força da mútua prestação de contas é uma área reconhecida até mesmo por organizações seculares, como os Alcoólatras Anônimos, como sendo um “sistema companheiro” e, poderíamos dizer que um sistema responsável por grande parte do sucesso dessa organização.
Conselhos práticos
Encontre um “companheiro, um amigo”... A idéia de ter de prestar contas uns aos outros ofende a cultura predominante. No entanto, conforme temos visto, ela é um conceito bíblico. Talvez o cônjuge, um amigo íntimo ou alguém na igreja possa agir como um “companheiro”. Uma boa ilustração de como isso se dá na prática pode ser vista na igreja Carey Baptist (veja o quadro acima).
Proteja o computador...  Uma das revelações mais preocupantes foi a história de um homem acusado por pornografia infantil porque foram encontradas fotos indecentes em seu computador. Na verdade, elas haviam sido armazenadas lá por um pedófilo, que usou um vírus para infectar o computador dele, de modo que pudesse armazenar suas fotos e, assim, livrar-se do risco de ser encontrado na posse desse material.[xii] A melhor maneira de conter esse problema é ter um programa antivírus em cada computador, mantê-los atualizados e certificar-se de que o firewall está ativado – este já vem integrado nos computadores Windows e Apple Mac.
Instale um filtro familiar... Este é um tipo de software que filtra sites com conteúdo pornográfico ou indesejável. O software “Covenant Eyes” é um exemplo especializado desse tipo de filtro. Outros incluem um grande número de produtos comercializados, como o Net Nanny e o SafeEyes.
Mantenha distância... Para alguns, a resposta talvez seja ficar longe dos computadores. Entender a nós mesmos e às nossas falhas particulares é importante nessa questão. Se você ou alguém que você conhece tem esse tipo de falha, eu gostaria de encorajá-lo a orar, a buscar aconselhamento (talvez com seu pastor, presbítero ou com um amigo crente) e a confiar no maravilhoso e vivo Salvador, que o sustém e nunca o desapontará...
No próximo artigo, consideraremos como as empresas (grandes e pequenas) usam a Internet para comprar e vender produtos, inclusive as práticas duvidosas como o “marketing de vírus”. Você ficará surpreso sobre o quanto elas sabem a seu respeito...

quinta-feira, 28 de março de 2013

RELIGIÃO VERSUS HOMOSSEXUALIDADE: COMO AS IGREJAS ACOLHEM OS GAYS?



Evangélico e homossexual, Marcos Gladstone cansou de esperar pela acolhida da igreja que frequentava e decidiu fundar a própria instituição religiosa. Em 2006, junto com o atual companheiro, o pastor Fabio Inácio , criou a Igreja Cristã Contemporânea, que hoje conta com nove sedes (no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo) e mais de 1.800 membros, sendo 90% deles gays.
Segundo Gladstone, que também é pastor, os cultos recebem abertamente os casais do mesmo sexo, além de realizar matrimônios – inclusive o dele, celebrado em 2009 – e batizados. “Defendemos uma teologia inclusiva, de acolhimento ao homoafetivo. Tomamos como exemplo Jesus, que sempre cuidou das minorias, acolhendo os que a sociedade excluía”, diz.
Na visão do pastor Gladstone, a bíblia não condena a homossexualidade, mas, sim, os rituais pagãos. Ele defende que algumas traduções do livro sagrado dos cristãos foram feitas de forma “maliciosa” e cita como exemplo o texto de 1 Coríntios, capítulo 6, versículo 9. “Versões preconceituosas traduziram o trecho como ‘Efeminados e sodomitas não herdarão o Reino dos Céus’, porém, o escrito original do grego diz ‘Depravados e pessoas de costumes infames não herdarão o Reino dos Céus’”, comenta.
Para saber como as principais religiões do país veem a questão homossexual, o iG conversou com representantes das igrejas com maior número de fiéis em diferentes linhas doutrinárias, levando em conta dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Assembléia de Deus: "Perversão satânica e deliberada desobediência a Deus" 
Na Assembléia de Deus, a igreja evangélica pentencostal mais representativa no país, com mais de 12 milhões de fieis, a doutrina é notoriamente contrária a homossexualidade. Em um artigo assinado pelo pastor José Wellington Bezerra da Costa, presidente da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil, e publicado na página da igreja na internet, a homossexualidade é colocada como “uma perversão satânica dos instintos sexuais do ser humano”. Para o líder, “A Bíblia não classifica a homossexualidade como doença qualquer, pelo contrário, afirma claramente que se trata de uma deliberada desobediência a Deus e aos seus mandamentos”, escreveu.
O iG procurou insistentemente, por uma semana, lideranças da igreja Assembléia de Deus para falar sobre o assunto, mas não obteve resposta.
A postura condenatória da homossexualidade se estende ainda para outras ramificações da igreja. Líder da Assembléia de Deus Catedral do Avivamento, o pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) é até mesmo acusado de homofobia. Ele gerou polêmica ainda maior ao assumir a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, no início de março.
Outro exemplo de aberta condenação aos gays é a Assembléia de Deus Vitória em Cristo, liderada pelo pastor Silas Malafaia, conhecido nacionalmente por suas manifestações polêmicas em relação a temas como homossexualidade e aborto. Tanto Marco Feliciano como Silas Malafaia foram procurados pelo iG, mas não retornaram os pedidos de entrevista da reportagem.
A evangélica Igreja Batista: "Distorção da sexualidade"
Entre as evangélicas consideradas de origem histórica, a igreja Batista é a que tem o maior número de seguidores, com mais de 3 milhões de pessoas. Para o pastor Paulo Eduardo Gomes Vieira, da Primeira Igreja Batista de São Paulo, a homossexualidade não está de acordo com os valores cristãos. “Na nossa leitura, entendemos que é uma distorção da sexualidade, portanto, é pecado. A Bíblia é clara com relação a isso”, afirma.
No entanto, embora condene a homossexualidade, o pastor defende a tolerância e o respeito às diferenças e aos direitos civis dos gays. “Lamento que alguns representantes evangélicos expressivos não consigam demonstrar discordância sem hostilidade. Discordamos veementemente da homossexualidade, mas devemos ser amáveis com os homossexuais”, critica Vieira.

Catolicismo tradicional: "A condição homossexual não é uma questão resolvida para os homossexuais"
O Islamismo – com pouco mais de 35 mil praticantes no Brasil – também é categórico ao condenar a homossexualidade. O sheikh Mohamad Al Bukai, diretor de Assuntos Religiosos da União Nacional Islâmica, afirma que o alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, considera a “prática” proibida. Para ele, os gays precisam de instrução, mas sem preconceito com o cidadão. “Não podemos discriminar. Temos que ajudar e orientar essas pessoas”, diz Al Bukai.
Na Igreja Católica, os mais de 123 milhões de fiéis são orientados à formação familiar a partir da união heterossexual. Para Dom João Carlos Petrini, presidente da Comissão para a Vida e a Família da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), todos sem exceção são convidados a praticar a fé com dignidade e respeito, mas o ensinamento da igreja aponta para a necessidade de “acompanhamento” dos homossexuais, a fim de buscar o verdadeiro significado da sua sexualidade. “Para a grande maioria das pessoas homossexuais, a condição homossexual não é uma questão resolvida”, afirma.
Catolicismo liberal: "O ser humano é acima de tudo uma criatura de Deus"
Numa corrente mais liberal, o historiador e padre jesuíta Luís Corrêa Lima, professor da PUC-Rio, afirma que as mudanças na sociedade também repercutem na Igreja Católica. Segundo ele, um documento do Vaticano, datado de 2003, reconhece os direitos civis entre pessoas do mesmo sexo, apesar de continuar se opondo à equiparação desta forma de união ao matrimônio entre homem e mulher.
Em artigo escrito em 2009, o padre Lima explica que a repulsa pela homossexualidade tem raízes históricas. Por muitos séculos, as relações entre pessoas do mesmo sexo foram consideradas como o pecado de Sodoma, que resultou em um castigo divino destruidor. No entanto, o padre jesuíta chama a atenção para o problema da intolerância e ressalta que nenhum ser humano é mero homo ou heterossexual. “Ele é acima de tudo criatura de Deus e destinatário de Sua graça... A oposição doutrinária às práticas homoeróticas não elimina esta dignidade fundamental do ser humano”, defende.
Espiritismo: Entender as pessoas como elas são, sem preconceitos
Algumas religiões, embora não aprovem abertamente a homossexualidade, também não a condenam. É o caso da doutrina espírita, para a qual a opção sexual dos indivíduos não é objeto de julgamento. “Nosso princípio é o da caridade, então não condenamos nenhuma condição do ser humano. Precisamos entender as pessoas como elas são, sem preconceitos”, afirma Geraldo Campetti, vice-presidente da Federação Espírita Brasileira. Para ele, o mais importante não é a questão da homoafetividade, mas o respeito com o parceiro com o qual se relaciona.
Budismo: importante é não fazer o mal, cultivar o bem e purificar a mente
No budismo, a opção sexual também não é uma questão essencial. De acordo com José Arlindo Bezerra dos Santos, integrante da Sociedade Budista do Brasil, o que importa para os praticantes da religião são os preceitos básicos de não fazer o mal, cultivar o bem e purificar a própria mente. “Se eles estão felizes e não estão prejudicando ninguém, o budismo não condena a homossexualidade em si”, diz Santos.
Umbanda: coração bondoso, comportamento ético e muito trabalho
Na Umbanda, a visão é de que não cabe aos sacerdotes julgar as escolhas das pessoas, e que as entidades religiosas não discriminam ninguém. “Um Exu, um Caboclo, um Preto Velho vão dizer que estão vendo diante dele um ser humano, não um gay. O que a entidade quer é um coração bondoso, um comportamento ético e muito trabalho”, afirma a sacerdotisa Fátima Damas, presidente da Congregação Espírita Umbandista do Brasil.
Outras lideranças religiosas representantes dos judeus e do candomblé também foram contatadas, mas não atenderam ao pedido de entrevista da reportagem.

fonte: www.IG.com.br

“PESSOAS QUE COMETEM SUICÍDIO VÃO PARA O CÉU?”



 Ed Welch

Há apenas duas respostas corretas para esta pergunta:

- “Por que você pergunta?” e

- “Parece que as coisas estão sendo realmente difíceis pra você. Por favor, diga-me o que está acontecendo”.

Permitimos pequenas variações destas perguntas, mas não dizemos o seguinte: “O suicídio não é o pecado imperdoável. Se pensarmos que o suicídio é imune ao sangue purificador de Cristo, não teremos compreendido a extensão da reenção”.
Isto pode ser teologicamente correto, mas é pastoralmente aterrador.

Aqui está o princípio: questões teológicas são muitas vezes perguntas pessoais disfarçadas; elas são sobre o que pesa no coração de uma pessoa. Por favor, não responda com proposições teológicas ou com diretrizes éticas. Em vez disso, use estas perguntas como o tempo para conhecer e pastorear a pessoa.

Hum. Isto soa como um conselho prudente, especialmente àqueles que fizeram tais perguntas, mas também soa um pouco suspeito. Parece uma distinção artificial e potencialmente perigosa entre teologia e ministério. Pastorear é algo profundamente teológico e, por isso, não estou tentando fazer uma distinção entre os dois. Minha preocupação é com o fato de a teologia, especialmente neste tipo de situação, poder ser oferecida da mesma forma como os pastores a aprenderam, como uma palestra.

Como pastores, temos que assimilar a teologia da sala de aula para que ela não seja mais uma série de proposições. Então, estaremos prontos para oferecê-la de maneira que sirva à pessoa a nossa frente. Estas duas respostas pastorais: “Por que você pergunta?” e “Parece que as coisas estão sendo realmente difíceis pra você...” refletem teologia pessoal e aplicada. Elas rapidamente nos levarão a lugares que vão além da ética do suicídio.


Elas podem nos levar a este lugar: “O irmão da minha amiga cometeu suicídio. E eu não tenho ideia do que dizer a ela”. Nesta situação, a teologia pastoral pode nos levar a dizer: “Você obviamente ama essa amiga. Conte-me um pouco mais a respeito do que ela está dizendo e como você pensa que pode encorajá-la”.

À medida que você conversar poderá lembrar-se de experiências anteriores nas quais pessoas que estiveram intimamente relacionadas com suicídio se sentem culpadas. Familiares e amigos sentem como se tivessem a obrigação de saber – de fazer ou dizer algo para impedir isso. Assim, você pode levantar esta questão e, juntos, estudar formas de convidar sua amiga para falar abertamente sobre isso. Se sua amiga se sente culpada, você pode ajudá-la a reformular sua culpa da seguinte maneira: “Você sabe que somos apenas humanos e não sabemos de todas as coisas. Talvez você esteja dizendo que desejava tanto poder fazer algo, mas não conseguiu. Você se sente mais impotente do que culpada. E você sente tamanha dor por saber que seu irmão estava sofrendo tanto”. Você poderia oferecer estas palavras experimentalmente e com o convite para ser corrigido.

Muitas vezes a “teologia” significa “respostas” e a maioria das pessoas não está procurando por respostas. Em vez disso, a teologia pastoral nos orienta sobre como amar sabiamente, e todas as pessoas estão procurando por isso.


TRADUÇÃO LIVRE: Alan Rennê Alexandrino Lima

quarta-feira, 27 de março de 2013

A ALMA CATÓLICA DOS EVANGÉLICOS NO BRASIL





           Os evangélicos no Brasil nunca conseguiram se livrar totalmente da influência do Catolicismo Romano. 
Por séculos, o Catolicismo formou a mentalidade brasileira, a sua maneira de ver o mundo ("cosmovisão"). O crescimento do número de evangélicos no Brasil é cada vez maior segundo o IBGE (2006), somos 40 milhões – mas há várias evidências de que boa parte dos evangélicos não tem conseguido se livrar da herança católica.

        É um fato que a conversão verdadeira (arrependimento e fé) implica uma mudança espiritual e moral, mas não significa necessariamente uma mudança na maneira como a pessoa vê o mundo. Alguém pode ter sido regenerado pelo Espírito e ainda continuar, por um tempo, a enxergar as coisas com os pressupostos antigos. É o caso dos crentes de Corinto, por exemplo. Alguns deles haviam sido impuros, idólatras, adúlteros, efeminados, sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados, maldizentes e roubadores. Todavia, haviam sido lavados, santificados e justificados "em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus" (1 Co 6.9-11), sem que isso significasse que uma mudança completa de mentalidade houvesse ocorrido com eles. Na primeira carta que lhes escreve, Paulo revela duas áreas em que eles continuavam a agir como pagãos: na maneira grega dicotômica de ver o mundo dividido em matéria e espírito (que dificultava a aceitação entre eles das relações sexuais no casamento e a ressurreição física dos mortos capítulos 7 e 15) e o culto à personalidade mantido para com os filósofos gregos (que logo os levou a formar partidos na igreja em torno de Paulo, Pedro, Apolo e mesmo o próprio Cristo – capítulos 1 a 4. Eles eram cristãos, mas com a alma grega pagã.
 
          Da mesma forma, creio que grande parte dos evangélicos no Brasil tem a alma católica. Antes de passar às argumentações, preciso esclarecer um ponto. Todas as tendências que eu identifico entre os evangélicos como sendo herança católica, no fundo, antes de serem católicas, são realmente tendências da nossa natureza humana decaída, corrompida e manchada pelo pecado, que se manifestam em todos os lugares, em todos os sistemas e não somente no Catolicismo. Como disse o reformado R. Hooykas, famoso historiador da ciência, "no fundo, somos todos romanos" (Philosophia Liberta, 1957). Todavia, alguns sistemas são mais vulneráveis a essas tendências e as absorveram mais que outros, como penso que é o caso com o Catolicismo no Brasil. E que tendências são essas?

         1) O gosto por bispos e apóstolosNa Igreja Católica, o sistema papal impõe a autoridade de um único homem sobre todo o povo. A distinção entre clérigos (padres, bispos, cardeais e o papa) e leigos (o povo comum) coloca os sacerdotes católicos em um nível acima das pessoas normais, como se fossem revestidos de uma autoridade, carisma, uma espiritualidade inacessível, que provoca a admiração e o espanto da gente comum, infundindo respeito e veneração. Há um gosto na alma brasileira por bispos, catedrais, pompas, rituais. Só assim consigo entender a aceitação generalizada por parte dos próprios evangélicos de bispos e apóstolos autonomeados, mesmo após Lutero ter rasgado a bula papal que o excomungava e queimá-la na fogueira. A doutrina reformada do sacerdócio universal dos crentes e a abolição da distinção entre clérigos e leigos ainda não permearam a cosmovisão dos evangélicos no Brasil, com poucas exceções. 

         2) A idéia de que pastores são mediadores entre Deus e os homens. No Catolicismo, a Igreja é mediadora entre Deus e os homens e transmite a graça divina mediante os sacramentos, as indulgências, as orações. Os sacerdotes católicos são vistos como aqueles através de quem essa graça é concedida, pois são eles que, com as suas palavras, transformam, na Missa, o pão e o vinho no corpo e no sangue de Cristo; que aplicam a água benta no batismo para remissão de pecados; que ouvem a confissão do povo e pronunciam o perdão de pecados. Essa mentalidade de mediação humana passou para os evangélicos, com poucas mudanças. Até nas igrejas chamadas históricas, os crentes brasileiros agem como se a oração do pastor fosse mais poderosa do que a deles e como se os pastores funcionassem como mediadores entre eles e os favores divinos. Esse ranço do Catolicismo vem sendo cada vez mais explorado por setores neopentecostais do evangelicalismo, a julgar por práticas já assimiladas como "a oração dos 318 homens de Deus", "a prece poderosa do bispo tal", "a oração da irmã fulana, que é profetisa", etc.

          3) O misticismo supersticioso no apego a objetos sagrados. O Catolicismo no Brasil, por sua vez influenciado pelas religiões afro-brasileiras, semeou misticismo e superstição durante séculos na alma brasileira: milagres de santos, uso de relíquias, aparições de Cristo e de Maria, objetos ungidos e santificados, água benta, entre outros. Hoje, há um crescimento espantoso, entre setores evangélicos, do uso de copo d'água, rosa ungida, sal grosso, pulseiras abençoadas, pentes santos do kit de beleza da rainha Ester, peças de roupa de entes queridos, oração no monte, no vale; óleos de oliveiras de Jerusalém, água do Jordão, sal do Vale do Sal, trombetas de Gideão (distribuídas em profusão), o cajado de Moisés... é infindável e sem limites a imaginação dos líderes e a credulidade do povo. Esse fenômeno só pode ser explicado, ao meu ver, por um gosto intrínseco pelo misticismo impresso na alma católica dos evangélicos.

        4) A separação entre sagrado e profano. No centro do pensamento católico existe a distinção entre natureza e graça, idealizada e defendida por Tomás de Aquino, um dos mais importantes teólogos da Igreja Católica. Na prática, isso significou a aceitação de duas realidades coexistentes, antagônicas e freqüentemente irreconciliáveis: o sagrado, substanciado na Santa Igreja, e o profano, que é tudo o mais no mundo lá fora. Os brasileiros aprenderam durante séculos a não misturar as coisas: sagrado é aquilo que a gente vai fazer na Igreja: assistir Missa e se confessar. O profano – meu trabalho, meus estudos, as ciências permanece intocado pelos pressupostos cristãos, separado de forma estanque. É a mesma atitude dos evangélicos. Falta-nos uma mentalidade que integre a fé às demais áreas da vida, conforme a visão bíblica de que tudo é sagrado. Por exemplo, na área da educação, temos por séculos deixado que a mentalidade humanista secularizada, permeada de pressupostos anticristãos, eduque os nossos filhos, do ensino fundamental até o superior, com algumas exceções. Em outros países, os evangélicos têm tido mais sucesso em manter instituições de ensino que, além de serem tão competentes como as outras, oferecem uma visão de mundo, de ciência, de tecnologia e da história oriunda de pressupostos cristãos. Numa cultura permeada pela idéia de que o sagrado e o profano, a religião e o mundo, são dois reinos distintos e freqüentemente antagônicos, não há como uma visão integral surgir e prevalecer, a não ser por uma profunda reforma de mentalidade entre os evangélicos.

         5) Somente pecados sexuais são realmente graves. A distinção entre pecados mortais e veniais feita pelo catolicismo romano vem permeando a ética brasileira há séculos. Segundo essa distinção, pecados considerados mortais privam a alma da graça salvadora e a condenam ao inferno, enquanto que os veniais, como o nome já indica, são mais leves e merecem somente castigos temporais. A nossa cultura se encarregou de preencher as listas dos mortais e dos veniais. Dessa forma, enquanto se pode aceitar a "mentirinha", o jeitinho, o tirar vantagem, a maledicência, etc., o adultério se tornou imperdoável. Lula foi reeleito cercado de acusações de corrupção. Mas, se tivesse ocorrido uma denúncia de escândalo sexual, tenho dúvidas de que teria sido reeleito ou de que teria sido reeleito por uma margem tão grande. Nas igrejas evangélicas – onde se sabe pela Bíblia que todo pecado é odioso e que quem guarda toda a lei de Deus e quebra um só mandamento é culpado de todos – é raro que alguém seja disciplinado, corrigido, admoestado, destituído ou despojado por pecados como mentira, preguiça, orgulho, vaidade, maledicência, entre outros. As disciplinas eclesiásticas acontecem via de regra por pecados de natureza sexual, como adultério, prostituição, fornicação, adição à pornografia, homossexualismo, etc., embora até mesmo esses estão sendo cada vez mais aceitáveis aos olhos evangélicos. Mais um resquício de catolicismo na alma dos evangélicos? O que é mais surpreendente é que os evangélicos no Brasil estão entre os mais anticatólicos do mundo. Só para ilustrar (e sem entrar no mérito dessa polêmica), o Brasil é um dos países onde convertidos do catolicismo são rebatizados nas igrejas evangélicas. 

O anticatolicismo brasileiro, todavia, se concentrou apenas na questão das imagens e de Maria e em questões éticas como não fumar, não beber e não dançar. Não foi e não é profundo o suficiente para fazer uma crítica mais completa de outros pontos que, por anos, vêm moldando a mentalidade do brasileiro, como mencionei acima. Além de uma conversão dos ídolos e de Maria a Cristo, os brasileiros evangélicos precisam de conversão na mentalidade, na maneira de ver o mundo. Temos de trazer cativo a Cristo todo pensamento, e não somente os nossos pecados. Nossa cosmovisão precisa também de conversão (2 Co 10.4-5). Quando vejo o retorno de grandes massas ditas evangélicas às práticas medievais católicas de usar no culto a Deus objetos ungidos e consagrados, procurando para si bispos e apóstolos, imersas em práticas supersticiosas, me pergunto se, ao final das contas, o neopentecostalismo brasileiro não é, na verdade, um filho da Igreja Católica medieval, uma forma de neocatolicismo tardio que surge e cresce em nosso país, onde até os evangélicos têm alma católica.

Rev  Augustus Nicodemus Lopes

MULTIDÃO MUÇULMANA INCENDEIA 178 CASAS CRISTÃS NO PAQUISTÃO


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"Estamos sendo castigados por sermos cristãos no Paquistão"

Centenas de cristãos ficaram desabrigados no Paquistão depois que uma multidão de três mil muçulmanos incendiou casas e lojas de propriedade dos fiéis, além de uma igreja. Isso tudo ocorreu devido a uma acusação falsa de que um cristão, supostamente, teria blasfemado contra o profeta Maomé.

No último sábado (9), os cristãos de Joseph Colony, na área de Lahore, fugiram da cidade com medo da violência. Eles temeram por suas vidas após escutarem uma mensagem vinda dos alto-falantes das mesquitas locais que exortavam muçulmanos a "matarem os blasfemos".

Extremistas foram incitados a atacarem o bairro cristão em resposta a uma queixa apresentada contra Savan Masih, no dia anterior, por um muçulmano local. Ele alegou que o cristão deferiu comentários depreciativos contra o fundador do islamismo, Maomé.

A multidão atacou a casa de Savan e também invadiu propriedades de outras famílias cristãs, saqueando seus bens e deixando seus lares em chamas. Um total de 178 casas e 75 lojas foram destruídas; muitos cristãos ficaram sem nada. Bíblias também foram queimadas.

Uma das vítimas, Aslam Masih, de 65 anos, disse a um dos parceiros locais da Portas Abertas que durante muitos anos ele economizou dinheiro para que as suas duas filhas se casassem no próximo mês. Ele agora não pode dar-se ao luxo de comprar uma única refeição para sua família. Em meio a lágrimas, ele disse: "Este incidente deixou-nos pobres".

Os agressores não conseguiram achar Savan, mas encontraram seu pai, Chaman Masih, e o agrediram.

A polícia acalmou a multidão ao registrar uma ocorrência de blasfêmia contra Savan, com base na seção 295-C do Código Penal paquistanês, que ordena a pena de morte para aqueles que profanam o nome de Maomé. Chaman também foi levado sob custódia.

O suposto incidente de “blasfêmia” aconteceu na noite de 7 de março, durante uma conversa entre Savan, que é casado e pai de três filhos, e um amigo muçulmano.

A organização de ajuda humanitária Barnabas está trabalhando com parceiros locais para ajudar os cristãos desabrigados de Joseph Colony a reconstruírem suas vidas.

As autoridades paquistanesas reagiram com firmeza à violência anticristã. O presidente Asif Ali Zardari e o Primeiro Ministro Raja Pervez Ashraf solicitaram a abertura de um inquérito. O governo de Punjab anunciou que os cristãos serão compensados por suas perdas, e que os processos contra os criminosos serão levados a juízo. Cerca de 150 suspeitos foram detidos.

Resta aguardar, portanto, se medidas serão tomadas e a ajuda virá. O incidente ainda é um vestígio da violência em Gojra, de 2009, em que mais de 60 casas cristãs foram incendiadas e oito cristãos foram mortos. Até agora, ninguém foi condenado por esse ataque. Centenas de cristãos que foram obrigados a deixar suas casas em Maherabad após uma falsa acusação de blasfêmia contra a adolescente Rimsha Masih em agosto de 2012, ainda não puderam voltar para casa.

Patrick Sookhdeo, Diretor internacional da fundação Barnabas, declara: “Mais uma vez, uma comunidade inteira no Paquistão foi arruinada e destruída por extremistas islâmicos por causa de acusações de blasfêmia sem fundamento. É bom saber que esses cristãos indefesos receberão ajuda do Estado, mas é provável que eles necessitem de ajuda de seus irmãos e irmãs de todo o mundo”.

OS SETE HÁBITOS DE UM NAMORO ALTAMENTE DEFEITUOSO - 1ª PARTE



Joshua Harris e sua esposa, Shannon.

Por Joshua Harris

1. O namoro leva à intimidade, mas não necessariamente a um compromisso.
Jamie era uma caloura no ensino médio; seu namorado, Troy, estava no último ano. Troy era tudo que a Jamie sonhou em um rapaz, e por oito meses eram inseparáveis. Mas dois meses antes do Troy partir para a faculdade, ele abruptamente anunciou que não queria mais ver a Jamie.

“Quando terminamos, foi definitivamente a coisa mais difícil que já aconteceu comigo” Jamie me contou depois. Mes­mo que fisicamente não passaram de um beijo, Jamie tinha entregado o seu coração e as suas emoções completamente ao Troy. Ele tinha aproveitado a intimidade enquanto servia às suas necessidades, mas a rejeitou quando estava pronto para seguir adiante.

Esta estória lhe parece familiar? Talvez você tenha ouvi­do algo semelhante de um amigo, ou talvez você mesmo tenha vivido isso. Como em muitos namoros, Jamie e Troy se torna­ram íntimos com pouco, ou mesmo nenhum, pensamento so­bre compromisso ou como seriam afetados quando terminas­sem. Podemos por a culpa no Troy por ter sido um canalha, mas façamos uma pergunta a nós mesmos. Qual é a idéia prin­cipal na maioria dos namoros? Geralmente o namoro estimula a intimidade pela própria intimidade - duas pessoas se aproxi­mam sem nenhuma real intenção de um compromisso de lon­go prazo.

Intimidade que se aprofunda sem a definição de um ní­vel de compromisso é nitidamente perigoso. É como escalar uma montanha com uma parceira sem saber se ela quer a res­ponsabilidade de segurar a sua corda. Quando estiverem a seiscentos metros de altura em uma encosta, você não quer conversar sobre como ela se sente “presa” por causa do relacionamento. Do mesmo modo, muitas pessoas experimentam mágoas profundas quando elas se abrem emocionalmente e fisicamente apenas para serem abandonadas por outros que declaram que não estão prontos para um “compromisso sério”.

Um relacionamento íntimo é uma experiência linda que Deus deseja que experimentemos. Mas ele fez com que a reali­zação advinda da intimidade fosse um sub-produto do amor baseado no compromisso. Você poderá dizer que a intimidade entre um homem e uma mulher é a cobertura do bolo de um relacionamento que se encaminha para o casamento. Se olhar­mos para a intimidade desta forma, então na maioria dos na­moros só tem a cobertura. Normalmente falta a eles um propó­sito ou um alvo bem definido. Na maioria dos casos, especial­mente no colégio, o namoro é de curta duração, atendendo às necessidades do momento. As pessoas namoram pois querem aproveitar os benefícios emocionais e até físicos da intimidade sem a responsabilidade de um compromisso real.

Na verdade, isso é a essência da revolução original do namoro. O namoro não existia antigamente. Como eu o vejo, o namoro é um produto da nossa cultura direcionada à diversão e totalmente descartável. Muito antes da revista Seventeen[1] (Dezessete) dar dicas sobre namoro, as pessoas faziam as coi­sas de modo muito diferente.

Na virada do século vinte, um rapaz e uma garota ape­nas se envolviam romanticamente quando planejavam se ca­sar. Se um rapaz freqüentasse a casa de uma garota, a família e os amigos deduziam que ele tinha a intenção de pedir a sua mão. Mas as variações de atitude na cultura e a chegada do automóvel trouxeram mudanças radicais. As novas “regras” permitiam às pessoas entregarem-se a todas as emoções do amor romântico sem nenhuma intenção de casamento. A es­critora Beth Bailey documentou estas mudanças em um livro cujo título, From Front Porch to Backseat (Do Alpendre ao Ban­co de Trás), diz tudo sobre a diferença na atitude da sociedade quando o namoro passou a ser a norma. Amor e romance passa­ram a ser aproveitados pelas pessoas apenas pelo seu valor de entretenimento.

Apesar de muita coisa ter mudado desde os anos 20, a ten­dência dos namoros em caminhar na direção de uma maior in­timidade sem compromisso permanece praticamente a mesma.

Para o cristão este desvio negativo está na raiz dos pro­blemas do namoro. A intimidade sem compromisso desperta desejos - emocionais e físicos - que nenhum dos dois pode sa­tisfazer se agirem corretamente. Em I Tessalonicenses 4:6 a Bíblia chama isso de “defraudar”, em outras palavras, roubar alguém ao criar expectativas mas não satisfazendo o que foi prometido. O Pr. Stephen Olford descreve defraudar como “despertando uma fome que não podemos satisfazer justamente” prometendo algo que não podemos ou não iremos cumprir.
Intimidade sem compromisso, semelhante à cobertura sem o bolo, pode ser gostoso, mas no final passamos mal.


[1] N.T.:A revista Seventeen é direcionada ao público adolescente abordan­do temas como sexo e relacionamentos etc.

terça-feira, 26 de março de 2013

VEJA O QUE O COELHINHO DA PÁSCOA TEM A DIZER SOBRE A PÁSCOA




Veja o que o "Coelhinho da Páscoa" tem a dizer sobre a Páscoa


O QUE É PÁSCOA?




Páscoa é um evento religioso judaico/cristão, normalmente considerado pelas igrejas cristãs como a maior e a mais importante celebração. Na Páscoa os cristãos relembram e anunciam a Ressurreição de Jesus Cristo depois da sua morte por crucificação que teria ocorrido durante a celebração da Páscoa dos judeus, em Jerusalém, entre o ano 30 e 33 da Era Comum.

Origem do nome

Os eventos da Páscoa teriam ocorrido primeiramente durante o Pessach (Passagem em Hebraico), data em que os judeus comemoram o êxodo, libertação e fuga de seu povo escravizado no Egito, liderados por Moisés, para a Terra Prometida.
 
A palavra Páscoa advém exatamente do termo Pessach, em hebraico, da festa judaica. Os espanhóis chamam a festa de Pascua, os italianos de Pasqua e os franceses de Pâques. O sentido de “passagem” vem do julgamento de Deus sobre Faraó e os egípcios, que oprimiam e escravizavam o povo judeu, até que Deus anuncia a Moisés que libertará o seu povo da escravidão.
 
Segundo a Bíblia (Livro do Êxodo), Deus mandou 10 pragas sobre o Egito. Na última delas (Êxodo capítulo 12), disse o Senhor a Moisés que todos os primogênitos egípcios seriam exterminados (com a passagem do anjo da morte por sobre suas casas), mas os primogênitos de Israel seriam poupados. Para isso, o povo de Israel deveria sacrificar um cordeiro, passar o sangue do cordeiro imolado sobre as portas de suas casas, e o anjo passaria por elas sem ferir seus primogênitos. Todos os demais primogênitos do Egito foram mortos, do filho do Faraó aos filhos dos prisioneiros. Isso causou intenso clamor e tristeza entre o povo egípcio, que culminou com a decisão do Faraó de libertar o povo de Israel, dando início ao Êxodo de Israel para a Terra Prometida.
 
A Bíblia judaica e cristã institui a celebração do Pessach em Êxodo 12.14: "Conservareis a memória daquele dia, celebrando-o como uma festa em honra ao Senhor: Fareis isto de geração em geração, pois é uma instituição perpétua".


Páscoa Cristã

A Páscoa cristã celebra a morte sacrificial e a ressurreição de Jesus Cristo. Nos Evangelhos, Jesus é anunciado como o "cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo", deste modo, toda a simbologia da Páscoa judaica aponta para Jesus que, através de sua morte e seu sangue, liberta o homem do poder da morte e do pecado.
 
A última ceia partilhada por Jesus Cristo e seus discípulos é narrada nos Evangelhos e é considerada, geralmente, um “sêder do pessach” – a refeição ritual que acompanha a festividade judaica – se nos ativermos à cronologia proposta pelos Evangelhos sinópticos. O Evangelho de João propõe uma cronologia mais acurada, ao situar a morte de Cristo por altura da hecatombe (do grego antigo ἑκατόμβη, composto de ἑκατόν "cem" e βοῦς "boi" - sacrifício coletivo de muitas vítimas) dos cordeiros do Pessach. Assim, a última ceia teria ocorrido um pouco antes desta mesma festividade.
 
Depois de morrer na cruz, o corpo de Jesus foi colocado em um sepulcro, onde ali permaneceu por três dias, até sua ressurreição. É o dia santo mais importante para os cristãos.


Páscoa é pagã?

Não! E também, atualmente, sim! Muitos costumes modernos ligados ao período pascal originaram-se, de fato, dos festivais pagãos da primavera. Hoje existe um sincretismo entre a Páscoa judaico-cristã e rituais de passagem pagãos, mas nem sempre foi assim.
 
A festa moderna utiliza a imagem do coelho e ovos pintados com cores brilhantes, representando a luz solar, dados como presentes. Os antigos povos pagãos europeus da Idade Média, nesta época do ano, homenageavam Ostera, ou Esther – em inglês, Easter quer dizer Páscoa. Ostera (ou Ostara) é a deusa da Primavera, que segura um ovo em sua mão e observa um coelho, símbolo da fertilidade, pulando alegremente em redor de seus pés nus. A deusa e o ovo que carrega são símbolos da chegada de uma nova vida. Ostara equivale, na mitologia grega, a Deméter. Na mitologia romana, é Ceres. Ishtar ou Astarte é a deusa da fertilidade e do renascimento na mitologia anglo-saxã, na mitologia nórdica e mitologia germânica.
 
Na primavera, lebres e ovos pintados com runas eram os símbolos da fertilidade e renovação a ela associados. A lebre (e não o coelho) era seu símbolo. Suas sacerdotisas eram ditas capazes de prever o futuro observando as entranhas de uma lebre sacrificada. A lebre de Eostre poderia ser vista na Lua cheia e, portanto, era naturalmente associada à Lua e às deusas lunares da fertilidade. De seus cultos pagãos originou-se a Páscoa (Easter, em inglês e Ostern em alemão), que foi absorvida e misturada pelas comemorações atuais.
 
As hipóteses mais aceitas relacionam a época do ano com Estremonat, nome de um antigo mês germânico, ou de Eostre, uma deusa germânica relacionada com a primavera que era homenageada todos os anos, no mês de Eostremonat, de acordo com o "Venerável Beda", historiador inglês do século VII. Porém, é importante mencionar que Ishtar é cognata de Inanna e Astarte (Mitologia Suméria e Mitologia Fenícia), ambas ligadas à fertilidade, das quais provavelmente o mito de "Ostern", e consequentemente a Páscoa moderna (direta e indiretamente), tiveram notórias influências.
 
Os antigos povos nórdicos comemoravam o festival de Eostre no dia 30 de Março. Eostre ou Ostera (no alemão mais antigo) significa “a Deusa da Aurora” (ou, novamente, o planeta Vênus). É uma deusa anglo-saxã, teutônica, da primavera, da ressurreição e do renascimento. Ela deu nome ao Shabbat Pagão, que celebra o renascimento chamado de Ostara.


Conclusão

É comum, hoje, a prática de pintar ovos cozidos, decorando-os com desenhos e formas abstratas. Em grande parte dos países ainda é um costume comum, embora que em outros, os ovos tenham sido substituídos por ovos de chocolate. No entanto, o costume não é citado na Bíblia, nem na Páscoa judaica, nem na Páscoa cristã. Portanto, este costume é uma alusão a antigos rituais pagãos.
 
A Páscoa, em suas raízes mais antigas, é uma festa genuinamente bíblica, que aponta figuradamente para o sacrifício de Jesus por toda a humanidade. Esta é a oportunidade que, como cristãos, discípulos de Jesus, temos de anunciar não somente o sentido cultural da festa mas, principalmente, que ela tem a ver com o amor de Deus por toda humanidade. Isto inclui todos nós. Deus entregou seu único filho, como sacrifício pelos nossos pecados e Nele, somente Nele, temos Vida Eterna, ou seja, "passamos" da morte para a vida. O evangelho de João, no capítulo 3, resume esta mensagem da seguinte forma: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que entregou (à morte) o seu único Filho para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a Vida Eterna."





CORONEL JOÃO DOURADO (1854-1927)

Alderi Souza de Matos João da Silva Dourado nasceu em Caetité, sul da Bahia, no dia 7 de janeiro de 1854. Era filho de João José da Silva Do...