quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

POR QUE ORAR SE DEUS JÁ SABE?

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Muitas pessoas me perguntam porque orar se a oração não muda a Deus, se seu propósito já esta estabelecido e se Deus já sabe de todas as coisas, e já que a história está nas suas mãos.
Deixe-me enumerar algumas razoes:
Primeira, oração não é para mudar o coração de Deus, mas para mudar o nosso coração. Quando oramos, alinhamos nossa visão à visão de Deus e experimentamos paz em saber que ele está dirigindo a história de forma santa, sábia e amorosa. 
Segunda, Jesus orou. Ele era Deus mas sempre o vemos orando intensamente, fazendo vigílias à noite toda, e fazendo retiros espirituais.
Terceiro, ele nos encorajou e até mesmo nos ensinou a orar.
Quarto, os discípulos de Cristo oravam e nunca questionavam porque deveriam orar, embora tivessem pedido a Cristo que lhes ensinasse a orar, talvez por perceberem quão difícil era a tarefa da vida devocional.
Quinto, O povo de Deus ora. Não encontramos na história da igreja uma comunidade crista que afirmasse não ser necessário orar. A experiência da comunidade cristã é sempre marcada pela luta e desafio de oração.

João 15.1-6 e a Segurança do Crente


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Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto. Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado. Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.

Aqui lemos que Deus, como lavrador, amavelmente “limpa” (v.2), i.e., lava, purga e purifica os crentes de tudo o que não contribui para sua maturidade espiritual (“dar frutos”). Isto pode ocorrer de várias formas: disciplina, ensinamentos, provações, etc. O debate centra-se naquilo que Deus faz com as varas infrutíferas, e o que elas representam. Há geralmente três pontos de vista dessa passagem.

A interpretação arminiana padrão é que as “varas infrutíferas” são cristãos genuínos que, por causa de sua falta de frutos, perdem a salvação. Um exemplo daqueles que apoiam este ponto de vista é Adam Clarke: “como o lavrador removerá toda vara infrutífera da videira, então meu pai removerá todo membro infrutífero de meu corpo místico, mesmo se eles estiveram em mim pela fé verdadeira (porque somente assim eles são varas)”.

Uma variação da posição calvinista é que as “varas infrutíferas” são cristãos genuínos que, devido a sua falta de frutos, entram em disciplina divina. Este “corte” e julgamento é a morte física, não morte espiritual. Eles são e permanecem salvos, mas são levados prematuramente ao Paraíso como uma medida disciplinar à sua falha de andar em obediência a Jesus.

A outra opção para aqueles que creem na segurança eterna é entender que as “varas infrutíferas” são supostos “discípulos” que experimentam somente uma conexão externa e superficial com Jesus. Embora eles “creiam” e “sigam” a Jesus em algum sentido, sua ligação “não se encaixa com uma união interna, espiritual pela fé pessoal e regeneração” (J. Carl Laney, “Abiding is Believing: The Analogy of the Vine in John 15:1-6,” BibSac [January March, 1989], 61). Portanto, “as varas sem frutos são varas sem vida – varas sem Cristo” (62).

Eu acredito que a terceira opção é a mais consistente com aquilo que lemos no Evangelho de João e no resto do Novo Testamento. Minhas razões (7 delas) para adotar essa visão e rejeitar as outras são as que se seguem.

Primeiro, a implausibilidade do ponto de vista arminiano é visto naquilo que Jesus declarou em João 10.28-29, que aqueles a quem ele dá a vida eterna nunca perecerão. Mais decisivo ainda é a palavra usada em 15.6. Ali, Jesus diz que as varas infrutíferas serão “lançadas fora” (uma forma do verbo grego ballo, “colocar”, “lançar”, junto com o advérbio exo, “fora” ou “do lado de fora”. Mas em João 6.37, Jesus usa virtualmente uma terminologia idêntica e diz: “Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” ( ekballo com exo ). O ponto de vista arminiano pede que Jesus contradiga o que disse do crente em 6.37 com o que afirma em 15.6. Certamente, nem Nosso Senhor falando, nem João registrando suas palavras, são culpados da mais óbvia das contradições teológicas.

Segundo, a fraqueza da segunda visão citada é que, aquilo que Jesus diz do destino das varas infrutíferas aparenta mais ser condenação eterna que um castigo temporário. As varas infrutíferas são “lançadas fora” (v.2). A vara infrutífera é “lançada no fogo” e “queimará” (v.6; cf. Mateus 3.12; 5.22; 18.8-9; 25.41; 2 Ts 1.7-8; Ap 20.25).

Terceiro, a visão que as varas infrutíferas são não regenerados é apoiada pelo que o Evangelho de João diz sobre “crentes” não salvos. Em outras palavras, João frequentemente retrata pessoas como “crendo” em Jesus, que claramente não são nascidas de novo. Há um estágio no progresso para crer em Jesus que “fica próximo da crença genuína ou consumada resultante da salvação” (Laney, 63). Veja João 2.23-25 (em que a “fé” ou “crença” é claramente superficial em sua natureza); 8.31,40,45-46 (em que os judeus que “creram nele” mostraram-se escravos do pecado [v.34], indiferentes às palavras de Jesus [v.37], filhos do diabo [v.44], mentirosos [v.55], culpados de mobilizar a multidão e tentar assassinar aquele em que eles professaram crer [v.59]!). Veja também 7.31 e 12.11,37, em que a mesma ideia está presente. Depois de Jesus ensinar, nós lemos em 6.60 que “Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?” Havia muitos “discípulos” de Jesus que “não criam” (v. 64). Carson explica:

Discípulos devem ser distinguidos dos “Doze” (cf. 6.66-67). Mais importante, assim como há fé e fé (2.23-25), também existem discípulos e discípulos. Em um nível mais elementar, um discípulo é alguém que até certo ponto segue a Jesus, seja literalmente por entrar no grupo que o seguia de lugar a lugar, ou metaforicamente ao entendê-lo como uma autoridade ensinando. Um “discípulo” assim não é necessariamente um “cristão”, alguém que creu salvificamente em Jesus e recebeu uma união com ele, dada pelo Pai ao Filho, planejada pelo Pai e nascido novamente do Espírito. Jesus deixará isso claro no apropriado momento que aqueles que continuam em sua palavra são verdadeiramente seus “discípulos” (8.31). Os ‘discípulos’ descritos aqui não permanecem em sua palavra (300).

Jesus claramente reconhece o que nós chamamos de “fé volátil” e a distingue da verdadeira, a fé salvífica, baseada no permanecer em Jesus e em seus ensinamentos. Perseverança é a marca ou sinal da fé salvífica verdadeira. Quando uma pessoa “permanece” ou “habita” na “palavra” de Jesus, isto é, a pessoa “obedece, procura entendê-la melhor, e a acha mais preciosa, com mais autoridade, precisamente quando outras forças opõem-se a ela. É aquele que continua no ensinamento que tem o Pai e o Filho (2 Jo 9; cf. Hb 3.14; Ap 2.26)” (Carson, 348).

Existe no Evangelho de João, portanto, uma “fé” ou “crença” superficial, transitória, que pode ser baseada unicamente em milagres vistos, mas não é fundamentada no fruto de um entendimento salvífico e a confiança em que Jesus realmente é. Pessoas como essas estão, de alguma forma, conectadas ou unidas a Jesus, o bastante para que elas possam ser chamadas de “discípulos”, ainda assim não são discípulos cristãos. Estas, acredito, são as varas infrutíferas de João 15.2,6.

Quarto, devemos tomar nota da frase “em mim” no v.2. É possível que “em mim” refere-se a “dar frutos” ao invés de “toda vara”. Em outras palavras, ao invés de interpretar o verso como “Toda a vara em mim, que não dá fruto”, deveria ser lido “toda vara que não dá fruto em mim…” A frase “em mim” ocorre outras cinco vezes em 15.1-7, e em todos os casos refere-se ao verbo. Portanto, pode muito bem significar que a frase “em mim” enfatiza “não o lugar da vara, mas o processo de dar frutos” (Laney, 64).

Quinto, o contraste entre os v.2 e v.3 suporta esse ponto de vista. Ao “falar simplesmente do corte de varas infrutíferas, Jesus explicou aos discípulos que Ele não tinha eles em vista (v.3). Eles já estavam “limpos” por causa da resposta à Pessoa e mensagem de Cristo (cf. 13.10-11). Jesus estava dando a Seus discípulos instruções que não representavam a situação espiritual deles, mas tinham aplicação primária para aqueles a quem eles iriam ministrar, aqueles que clamariam ser de Cristo, mas não estavam dando frutos” (Laney, 64).

Sexto, esse ponto de vista traz o melhor sentido da relação no Evangelho e nas epístolas de João sobre “crer” e “permanecer”. A verdadeira fé salvífica em Jesus estabelece a relação de permanecer e, nos escritos joaninos, torna-se virtualmente sinônimo da crença genuína. Veja especialmente João 6.40-54 e 56; 1 João 2.24; 3.23-24; 4.15. Permanecer em Cristo é crer em Cristo.

Sétimo, Carson destaca que “a proposta transparente do v.2 é insistir que não existem verdadeiros cristãos sem algum tipo de fruto. Frutificar é a marca infalível do verdadeiro Cristianismo; a alternativa é a madeira morta, e as exigências da metáfora da videira faz necessário que cada madeira esteja conectada com a videira. (Ramos mortos provenientes de alguma outra árvore, vivendo ao redor do campo da videira, quase nos passam essa ideia). Não existe vida neles; eles nunca deram frutos, ou então eles seriam limpos, não cortados fora. Porque Jesus é a videira verdadeira, em contradição com a videira de Israel em que não nasce fruto ou nasce frutos estragado, é impossível pensar que algum ramo que não dê fruto possa ser considerado parte dele: suas próprias credenciais como a videira verdadeira poderiam ser questionadas tão fundamentalmente quanto as credenciais de Israel” (515). Nesta ideia, veja especialmente Mateus 7.15-23 e 1 João 2.19.

Minha conclusão, então, é que esta passagem não ensina que um cristão verdadeiro, nascido de novo, possa apostatar da fé e perder sua salvação. Ela ensina que é impossível dar frutos fora da união doadora de vida salvífica com Jesus (v.4), e é impossível não frutificar quando esta conexão com Jesus realmente existe (v.5). Também ensina que alguns (muitos) que professam estar “unidos” com Jesus, que afirmam “crer” nele, e que mesmo o “seguem” como “discípulos”, serão revelados pelo tipo de fruto, como falsos e, portanto, sujeitos ao julgamento eterno.


Autor: Sam Storms

Fonte: Monergismo

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Entretenimento Moral



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No livro A Máfia dos Mendigos, o pastor Yago Martins aplica teorias e análises acadêmicas às observações e vivências decorrentes do período em que viveu disfarçado entre os moradores de rua da cidade de Fortaleza/CE. Durante um ano, ele se misturou aos sem-teto procurando participar de seus problemas, entender seus motivos e perceber as manipulações e ingerências que existiam.

Sua proposta ousada o levou a confirmar uma suspeita: os pobres têm sido usados como tema de congressos, de entrevistas e também ilustram sermões religiosos, mas não são realmente ajudados. Para ele, a caridade aumenta a miséria porque despotencializa o ser humano e rouba-lhe a dignidade.

Segundo a visão de Yago Martins, os moradores de rua não são pessoas que sempre experimentaram circunstâncias extremas e que, por isso, teriam se exilado. O que lhes falta, de acordo com o pastor, é encontrar quem verdadeiramente os note. “Eles não precisam de alguém que lhes dê comida e os fotografe para as redes sociais e nem mesmo de ações públicas e privadas realizadas de cima para baixo, sem que nunca lhes seja perguntado quais são as suas reais necessidades”, afirma.

Yago Martins apresenta argumentos pesados e ousados – e até mesmo polêmicos – para explicar algumas causas da alta incidência de mendicância no Brasil. Ele toma como base um ponto de vista do qual poucos partiram: o de alguém que passou pela experiência de viver nas ruas. Tal atitude ele chama de atitude de Entretenimento Moral.

Em entrevista à Jovem Pan ele afirmou: "Existem muitos motivos pelos quais as pessoas vão parar na rua. O nosso erro começa, talvez, em tentarmos achar um motivo único para alguém estar na miséria. São indivíduos, seres humanos, cada um está lá por um motivo particular, quer seja por desgraça pessoal, uma tragédia ou mesmo por exercício de vontade, exercendo sua vontade de viver na mendicância, basicamente.”

Ele conta que descobriu fatores nessa realidade que o deixaram impressionado sobre como a caridade sem engajamento pode ser prejudicial e até mesmo hipócrita. "As [muitas] pessoas que praticam a caridade não querem engajamento, não querem fazer uma diferença real. A impressão que dá é de que, muitas vezes, o mendigo é um instrumento de entretenimento moral. Ou seja, a ajuda concedida a ele é só um jeito de as pessoas se sentirem melhores. Algo do tipo: 'Vou fazer aqui uma coisinha boa e volto para casa feliz'”.

Para ele, a cultura paternalista ensina para o dependente da caridade que ele não é digno de conquistar nada. São afirmações com as quais você pode não concordar e muito menos aceitar as teses de Yago Martins, mas acho que vale a pena analisar com seriedade as conclusões a que ele chegou para repensarmos como podemos ser mais efetivos, como podemos ter os motivos corretos no exercício de nossas ações de misericórdia!

Rev Samuel Vieira.

CORONEL JOÃO DOURADO (1854-1927)

Alderi Souza de Matos João da Silva Dourado nasceu em Caetité, sul da Bahia, no dia 7 de janeiro de 1854. Era filho de João José da Silva Do...