Eu
sempre costumo dizer que Jesus resumiu TODA a Lei em dois princípios:
“Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a
tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças: este é
o primeiro mandamento [Dt 6:5], e o segundo, semelhante a este, é:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo [Lv 19:18]. Não há outro mandamento
maior do que estes” (Mc 12:30-31), mas a nossa geração apóstata ousou
resumir a Lei e a Graça de forma diferente: “Não julgueis” (Mt 7:1a) e
“Não toqueis em meus ungidos” (Sl 105:15a)”.
Em
alguns momentos, parece que o maior objetivo da pregação do Evangelho
pelas igrejas de nossos dias é exatamente este: deixar claro e patente
que os "ungidos" são intocáveis, isentos de qualquer correção, são os
Papas da nossa fé, embora nem mesmo sejam unânimes entre si em relação à
sã doutrina, pois a unção que possuem lhes tornaram absolutamente
perfeitos, infalíveis e inerrantes! A salvação, a santificação e outros
temas de real relevância à proclamação do Evangelho se tornam
secundários diante da necessidade de blindá-los contra qualquer
questionamento ou oposição.
A
imagem ao lado está circulando pelas Redes Sociais, e lamentavelmente
chegou hoje ao meu Facebook. É a típica imagem sobre a qual podemos
dizer: "eu vi; mas e agora, como posso desver? Aonde está o botão
'descurtir' que o Zurkerberg prometeu?"... Foi extraída de uma destas
famosas páginas facebookianas que ensinam seus seguidores a digitar
"amém, eu creio" e outros placebos go$pel, como se tais palavras
digitadas fossem mudar suas histórias e a história da humanidade.
Acreditem: tem centenas, senão milhares de curtidas!
É
lamentável que pessoas inescrupulosas da fé cristã, figurões da Igreja
de Laodicéia brasileira, que se dizem "pastores" e "levitas", usem tal
frase e outras similares como escudo para estabelecer-lhes uma imunidade
absoluta diante dos erros e deturpações doutrinários que ensinam e
espalham pelos quatro cantos. É o equivalente a dizer: "não corrijam
nenhuma das mentiras que estamos ensinando, mesmo que elas contrariem
frontalmente o que está na Bíblia; afinal nós somos ungidos de Deus!".
Esta
frase, que critica os que julgam MAS julga os que criticam (como isso é
possível, afirmar que é pecado julgar, julgando??), é contraditória
desde o âmago, e é literalmente a expressão mais fina possível da falsa
piedade! Como bem disse Paulo a Timóteo,
“nos últimos dias, sobrevirão tempos trabalhosos; Porque haverá homens amantes de si mesmos, ... blasfemos ... Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias, carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim, também, estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé. Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como, também, o foi o daqueles” (2 Tm 3:1-9).
A
falsa piedade por trás desta frase aparentemente inocente, e de outras
similares, é patente ao observarmos que por meio delas os "ungidos"
tentam usar as Escrituras, obviamente deturpadas, em benefício próprio, e
não em benefício da verdade. O que eles pretendem não é estabelecer a
Palavra de Deus como a única (ou no mínimo a maior) autoridade sobre o
crente e a Igreja, e sim suas interpretações pessoais, por mais absurdas
que sejam!
Outro
indício de falsa piedade é exatamente a resistência em reconhecer os
erros pessoais, arrepender-se deles e corrigi-los. Isso indica muita
coisa, dentre elas a característica de mercenário, e não de pastor. Um
verdadeiro pastor se alegra sobremaneira quando é corrigido em algum
erro que esteja cometendo, pois ele se preocupa com as suas ovelhas e
sabe que um erro que ele lhes ensine pode levá-las à perdição.
Declarar-se imune a críticas e correções, recusar-se a reconhecer o erro
e negar-se a corriir os falsos ensinos demonstram total falta de
compromisso com o rebanho, mas sim com seus próprios interesses!
A
conclusão é inevitável: por trás de qualquer frase que defenda o erro e
torna a correção um pecado, há sempre a sombra do diabo (o grande
interessado que o homem permaneça na mentira, sua filha única [Jo 8:44])
e a penumbra da falsa piedade.
Devemos
nos calar diante da mentira, só porque a mentira foi falada por um
figurão go$pel, por famoso "pastor", ou "após-Tolo", ou "ungido"? Quem
disse que tais pessoas, inclusive eu, são isentas de erros, e imunes a
correções? Há, por exemplo, um grande "após-tolo" brasileiro, famoso
pelas curas que promove em sua "igreja", que ensina que Jesus foi CRIADO
por Deus, ensino herético defendido por Ário já nos primeiros séculos
da Igreja Cristã. Pelo fato de ele ser "após-tolo", "ungido" e por
promover inúmeras curas, devemos nos calar diante desta mentira? E
poderíamos citar mais uma dezena de exemplos de "grandes homens de Deus"
que ensinam mentiras, ressuscitam velhas heresias ou criam novas, e que
buscam calar os que tentam corrigi-lo... Moisés deu orientação acerca
destes que apoiam suas mentiras por trás dos sinais:
“Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, e te der um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los; Não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o Senhor, vosso Deus, vos prova, para saber se amais o Senhor, vosso Deus, com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma. Após o Senhor, vosso Deus, andareis, e a ele temereis, e os seus mandamentos guardareis, e a sua voz ouvireis, e a ele servireis, e a ele vos achegareis. E aquele profeta ou sonhador de sonhos morrerá, pois falou rebeldia contra o Senhor, vosso Deus, que vos tirou da terra do Egito, e vos resgatou da casa da servidão, para te apartar do caminho que te ordenou o Senhor, teu Deus, para andares nele: assim tirarás o mal do meio de ti” (Dt 13:1-5).
O
status de uma pessoa não torna legítima a sua pregação e o seu ensino!
Não é porque alguém é pastor, bispo, ou detenha qualquer outro título
eclesiástico, ou faça grandes milagres, ou arrebanhe para si uma
multidão de seguidores, que ele tem seus ensinamentos liberados de
verificação escriturística. O Anticristo fará cair fogo do céu (Ap
13:13), e por causa disto enganará a muitos (e é interessante observar
que estamos em uma geração que supervaloriza sinais e milagres, ou seja,
a geração perfeita para a vinda de um Anticristo que promove tais
milagres!); o próprio Jesus afirmou que no Último Dia, pessoas que
expulsaram demônios, fizeram sinais e maravilhas e profetizaram ficarão
de fora do Reino (Mt 7:21-23). A chancela divina para uma mensagem é,
sempre foi e sempre será a fidelidade às Escrituras!
Paulo,
apóstolo, nunca arvorou tais frases, buscando qualquer imunidade para
si. Em várias das suas argumentações, nas Escrituras, ele mesmo convoca
os leitores a julgarem suas palavras entre eles mesmos, para que
chegassem per si a uma conclusão lógica, usando suas próprias faculdades
mentais e, obviamente, discordando dele caso concluíssem que ele estava
errado!
“Falo como a entendidos; julgai vós mesmos o que digo” (1 Co 10:15)“Julgai entre vós mesmos: é decente que a mulher ore a Deus, descoberta?” (1 Co 11:13)
Ele
ainda disse claramente que se ele próprio, Paulo apóstolo, ou um anjo
do céu, pregassem um Evangelho diferente, que seja ANÁTEMA (Gl 1:8-9). O
que têm os ungidos modernos, que possuem mais autoridade que Paulo, e
estão livres de tal anátema mesmo que promovam as piores violações ao
Evangelho de Cristo?
Os
bereianos, por sua vez, foram chamados na Escritura de "nobres"
exatamente porque julgaram, à luz das Escrituras, os ensinos de Paulo e
Barnabé (At 17:11). Entretanto, nos dias de hoje as Igrejas buscam
exatamente o oposto: impedir que as ovelhas usem o cérebro!
Prossigamos
citando Paulo: escrevendo a Tito, ele fala sobre homens inescrupulosos
que proliferavam já no primeiro século no meio da Igreja. Sobre tais
homens, Paulo fala:
“Porque há muitos desordenados, faladores vãos e enganadores, principalmente os da circuncisão” (Tt 1:10).
E
o que Paulo diz em seguida? Que não devemos questioná-los, pois se o
fizermos estamos tentando tirar o foco dos nossos próprios erros? Que
quem os acusa usa máscaras? Não. Ele prossegue:
“Aos quais CONVÉM TAPAR A BOCA, homens que transtornam casas inteiras, ensinando o que não convém, por torpe ganância ... Portanto, REPREENDE-OS SEVERAMENTE,
para que sejam sãos na fé. Não dando ouvidos às fábulas judaicas, nem
aos mandamentos de homens que se desviam da verdade ... Confessam que
conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e
desobedientes, e reprovados para toda a boa obra” (Tt 1:11-16 -
maiúsculas para melhor compreensão).
Será
que Paulo, apóstolo aos gentios, homem que Deus usou poderosamente na
pregação do Evangelho e na formação das Escrituras neotestamentárias,
usava máscaras? Será que, ao identificar e apontar o erro e orientar que
os homens afastados da verdade deviam ter suas bocas tapadas, tinha
pedras nas mãos e apontava tais erros para afastar o foco de seus
próprios pecados? É isso mesmo??
Os
que buscam a auto-imunidade chegam ao extremo de invocar o AMOR, que
falar mal dos irmãos seria falta de amor, que fomos chamados para amar, e
não para corriir, e que a correção é forte sinal de falta de amor! Ora,
qual seria o conceito de "amor" para estas pessoas? Dar doces a
diabéticos, já que em nome do amor devemos dar às pessoas o que eles
querem? Eles acham que amor é dar um sorriso omisso diante da mentira,
ao invés de combatê-la em nome da verdade? Eles acham mesmo que, ao
vermos uma pessoa caminhando para o abismo, guiado por um guia cego,
amar é deixá-los ir à ruína? Não é isso que nos ensina, nem as
Escrituras e nem o bom senso!!
É
realmente uma pena que a grande maioria das ovelhas de nosso país
seguem tais páginas que divulgam estas frases e ensinam o erro
doutrinário com uma falsa aparência de piedade, e formam sua "teologia" e
"doutrina" a partir de inverdades como estas, e não a partir das
Escrituras!
Fica
a pergunta: se a quantidade de pedras que os julgadores têm nas mãos é
proporcional às máscaras que usam, a quantidade de deturpações das
Escrituras e as frases de falsa piedade dos "ungido$" são proporcionais
ao quê??
Fiquem
a vontade de me julgar. Ou não! Veremos a coerência de vocês, que
afirmam, "piedosamente", que ungidos não podem ser julgados... Afinal,
será que eu também não sou ungido?
Zilton Alencar colabora com o Genizah
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