Igreja: Um Ajuntamento Regular, Localizável e Organizado
Deus não habita
nem em prédios de tijolo nem em corações de pedra. Então, cabe
perguntar, o que é uma igreja? Bem, igreja, conforme o Novo Testamento é
um ajuntamento regular, localizável e organizado. O próprio nome grego
(Εκκλησία – Eclésia – Assembleia) já demanda, por si só, estas
características.
Assim,
não é possível estabelecer um conceito sobre igreja a partir de um
modelo anárquico, ou seja, algo que acontece a revelia de todos os
padrões mínimos que caracterizam a formação e o estabelecimento de
grupos sociais com objetivos comuns.
É
impossível pensar em igreja sem regularidade, pois, se não há um
propósito para o ajuntamento, o que existe é a informalidade do encontro
e tal característica, dificilmente, viabiliza a perenidade de um grupo
humano. O que faz com que laços se constituam e se mantenham é a
regularidade do convívio, pois, como é possível a comunidade de fé ser
um Corpo se cada membro tem sua própria agenda e, sendo assim, não
prioriza o encontro que atende a objetivos comuns?
Também
não é possível ser igreja sem que haja um lugar para o culto, o partir
do pão, a adoração, a coleta para os necessitados, o serviço solidário, o
exercício dos dons, as missões, o ensino e tantas outras
características que vemos no livro dos Atos e nas epístolas.
A
igreja é Universal, no sentido de sua constituição atemporal, não
espacial e mística, como Corpo de Cristo e Família de Deus, mas ela
também é local, no sentido de seu ajuntamento geográfico formal! Todas
as comunidades neotestamentárias possuíam um lugar próprio de encontro e
culto, mesmo que ele fosse uma casa, um salão, ou até mesmo o
cemitério! As cartas do Apocalipse, enviadas pelo próprio Senhor, bem
como as cartas de Paulo, foram endereçadas a igrejas localizáveis e não
apenas aos errantes espalhados pelo mundo anunciando a Salvação.
A
existência de um lugar promove não só o acolhimento, mas até mesmo o
desenvolvimento das pessoas, com estruturas adequadas para as
ministrações, para a comunhão e o serviço. Desconstruir isso é investir
na impessoalização da fé, num mundo onde tudo já está impregnado pelo
virtual e pelo individual.
Por
último, a igreja é organizada, uma vez que existem pessoas exercendo
funções específicas e serviços sendo ministrados: assistência aos
pobres, ensino das Escrituras, preparação e envio de missionários,
atendimentos pastorais, atividades ligadas à oração, a adoração, dentre
outros tantos. Sem uma organização, mínima que seja, não é possível uma
estrutura funcionar. Não há pecado em formalizar as coisas, o pecado
está no culto que se faz à forma!
Portanto,
você pode ser de Deus e ser discípulo de Jesus mesmo escolhendo não se
ajuntar, mas é impossível imaginar que uma igreja se estabeleça como
algo casual, que acontece a qualquer hora, em qualquer lugar, ou
informal, que promove encontros descompromissados. Não devemos confundir
a vida dos que estão na igreja com a igreja em si.
No
encontro de dois ou três, sem agenda, espaço ou propósito fixo, Jesus
se faz presente, se ele for buscado e, como sabemos, Deus não se prende a
templos e aboliu toda a geografia que diz respeito ao sagrado. Mas o
encontro ocasional e fortuito, em absoluto, se constitui igreja e isso
conforme o que nos está dito no livro dos Atos dos Apóstolos, nas
Epístolas e no Apocalipse de João.
Assim, “Desigrejado”, para mim, não é o sujeito sem igreja, mas o que escolheu não ser igreja!
Carlos Moreira colabora com o Genizah
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