Participar de uma
comunidade de fé já foi uma tarefa mais fácil. Houve um tempo,
inclusive, quando se era bastante comum encontrar no verso dos folhetos
evangelísticos a seguinte frase: “procure a igreja evangélica mais
próxima de sua casa”. Bons tempos! Hoje, tal recomendação, é
impraticável e temerária, pois o caráter plural e multifacetado da
igreja evangélica brasileira inviabiliza a recomendação, porquanto são
inúmeros os casos de igrejas com teologias e práticas litúrgicas
controvertidas e, algumas, até mesmo, heréticas.
Apesar disso,
muitos não admitem a ideia de deixar de congregar com outros irmãos.
Querem fazer parte de igreja saudável e serem pastoreados de forma
amorosa, firme e bíblica. Contudo, a questão permanece: como identificar
uma igreja séria? Quais critérios poderemos empregar, a fim de que
encontremos uma comunidade de fé, onde se sirva a Deus e uns aos outros
de forma apaixonada, responsável, comprometida e edificante?
Estive
recentemente pregando em uma igreja com mais de três mil membros na
Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Ao término do culto, fui
conduzido por alguns líderes da mesma até uma sala, onde, entre uma mesa
farta e abraços calorosos, pude conversar, deixando minhas impressões
do que acredito ser uma igreja em que se possa congregar de forma
saudável. Penso que há 05 (cinco) apontamentos que sejam relevantes na
hora de identificarmos uma boa igreja.
Primeiro, uma boa
igreja é aquela que possui uma Pregação Bíblica. Mas, o que significa
isso? Afinal, até onde sabemos, na maior parte das igrejas no Brasil, há
o hábito de se abrir a Bíblia nos cultos! Contudo, abrir a Bíblia e
lê-la diante de uma congregação não transforma a pregação que deriva do
gesto em uma exposição bíblica! Muitos ensinos errôneos, perpetrados em
greis cristãs, são transmitidos dos púlpitos com a Bíblia
sistematicamente aberta, reunião após reunião! Por pregação bíblica,
refiro-me, portanto, a exposição de “todo o conselho de Deus” (Atos
20.27), revelado nas páginas das Escrituras Sagradas, onde o texto é
levado a sério, respeitando seu contexto histórico, valorizando-se
firmemente as regras da hermenêutica, sob a direção e iluminação do
Espírito Santo, a fim de que a pregação cumpra sua finalidade de
glorificar a Deus, evangelizar os perdidos e consolar/ exortar/ edificar
os crentes (1 Coríntios 14.3 ).
Segundo, uma boa
igreja é aquela que possui uma Adoração Cristocêntrica. Ou seja, uma
comunidade onde os cristãos se reúnem com o objetivo de prestar culto ao
Senhor Jesus Cristo. Onde o louvor não é apelativo e, tampouco, procura
produzir emoções e demais sensações nos que, do momento, participam.
Por Adoração Cristocêntrica refiro-me também ao aspecto das orações,
quando as mesmas não são ensinadas ao povo como formas de constranger a
Deus a nos dá o que queremos, mas sim como oportunidades de
desenvolvermos nossa intimidade e paixão para com Ele. É a sublime
ocasião em que podemos chamá-LO de “nosso Pai que estás nos céus” (Mt
6.9). Portanto, as muitas expressões de adoração em uma igreja (oração,
louvor, audição da Palavra de Deus, oferta e etc.) precisam ter em Jesus
Cristo o seu alvo e centro.
Em terceiro
lugar, uma boa igreja é aquela que possui uma Liderança Pastoral Séria.
Tal seriedade tanto se dá no aspecto da ética e integridade pessoais do
ministro, ou seja, o mesmo precisa ser um homem verdadeiramente crente
(2 Coríntios 5.17), nascido de novo (João 1.13, 3.3-8), transformado
pelo sangue purificador do Senhor Jesus Cristo (1 João 1.7), mas,
também, que leva seu ministério à sério, no que tange ao compromisso com
Deus e com seu rebanho (1 Timóteo 1.1- 6.21). Isto, obviamente, implica
na entrega e dedicação ao seu trabalho ministerial, tais como o
acompanhamento do rebanho, o preparo dos sermões, o aconselhamento no
gabinete, a supervisão dos trabalhos desenvolvidos pelos irmãos e o
emprego de suas horas disponíveis cabíveis em prol do avanço do Reino de
Deus.
Quarto, uma boa
igreja é aquela Comprometida/ Engajada com a Obra Missionária (Mateus
28.18-20). Seja local/ urbana, regional, nacional ou transcultural. É
inadmissível uma igreja verdadeiramente cristã não ser envolvida com
missões. Ouso até mesmo dizer que uma comunidade cristã que não seja,
está, em muito, confusa em sua razão de existir e já perdeu o horizonte
de sua finalidade no mundo.
Quinto, uma boa
igreja é aquela em que há Transparência Financeira. Onde os recursos
levantados são empregados realmente no trabalho de Deus, sabendo
exatamente para onde tais estão sendo destinados e aplicados, com a
aprovação dos irmãos, que são os instrumentos de Deus para o sustento de
Sua obra ao redor do mundo (Fp 4. 10-19). Haveria menos escândalos em
nossas igrejas, se as pessoas soubessem o valor real da arrecadação e de
como e para onde são empregadas. Prestação de contas, responsabilidade
fiscal, tesouraria independente da gestão pastoral são, sem dúvida,
sinais da seriedade de uma igreja no que diz respeito à sua
administração financeira.
Dito isto, agora é
com você! Se estiver à procura de uma boa (séria) igreja para
congregar, use tais critérios se assim desejar e que a grei encontrada
seja uma bênção em sua vida, assim como você e sua família sejam
instrumentos da bênção de Deus na vida da comunidade (“Sê Tu uma
bênção” - Gn 12. 2c). É a minha mais sincera oração!
Ah! E nem adianta dizer que não existe igrejas assim. Graças a Deus, há! É só procurar!
Idauro Campos. Pastor Congregacional. Mestre em Ciências da Religião.