Frente Parlamentar pelos Direitos LGBT quer se contrapor à Bancada Evangélica
por
Jarbas Aragão
Silas Malafaia comemora: "A causa gay foi para o saco"
O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus-Vitória em Cristo,
ainda comemora o aumento da bancada evangélica e acredita que o perfil mais conservador irá causar mudanças logo.
Embora na política muita coisa não seja tão “preto no branco”, faz
uma conta rápida. Hoje, são 74 deputados conservadores, contra 88 do PT.
Para 2015, serão 85 integrantes, contra 70 votos petistas.
Qual a estratégia? “Não daremos mole nos Direitos Humanos”. Irão
priorizar as comissões de Direitos Humanos e de Seguridade Social e
Família, pois são nelas que se discutem as questões que são vistas como
prioridade pelo seu público. “Com essa bancada, a causa gay foi para o
saco”, comemora Malafaia.
A declaração pode soar como bravata, mas não é. Antônio Augusto
Queiroz, diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar
(Diap) fez a seguinte análise após os resultados da última eleição
serem homologados: “Se no atual Congresso houve dificuldade para que
elas [pautas como a legalização do casamento gay e a descriminalização
do aborto] prosperassem, no próximo isso será muito mais ampliado. Houve
uma redução de quem defendia essa pauta no Parlamento e praticamente
dobrou (o número de) quem é contra”.
Cientes que apesar da reeleição de Dilma, estão perdendo força, o
presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis e Transexuais (ABLGBTT), Carlos Magno Silva, avisa: “Estamos
tentando contato com os deputados para constituir uma Frente Parlamentar
pelos Direitos LGBT forte e atuante porque a próxima legislatura vai
ser de muito embate, de muita disputa política. Este setor (evangélicos)
tem se organizado para impedir qualquer avanço no reconhecimento de
Direitos Humanos”.
Eles esperam contar com o apoio das senadoras Marta Suplicy (PT-SP) e
Lídice da Mata (PSB-BA). Na Câmara dos Deputados, os líderes devem ser
Erika Kokay (PT-DF) e Jean Wyllys (PSOL-RJ).
Atualmente, um dos pontos focais para os evangélicos na Câmara
Federal é a aprovação do Projeto de Lei 6.583/13, chamado de “Estatuto
da Família”. Ele reitera o que reza o artigo 226 da Constituição
Federal, definindo família como o núcleo formado a partir da união entre
homem e mulher, por meio de casamento, união estável ou comunidade
formada pelos pais e seus descendentes.
Seu relator é o deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF). Ele entregará o
projeto do Estatuto da Família esta semana. “Eu estou colocando no
relatório a proibição da adoção (por casais do mesmo sexo). Se o Artigo
227 (da Constituição Federal) diz que a família é para proteger a
criança, como é que dois homens, duas mulheres que são homossexuais que
dizem ser pais, querem adotar? Adotar para satisfazer a eles ou a
criança? A adoção é para contemplar o direito da criança, não do
adotante”, esclarece.
Na prática, o direito de adoção por homossexuais foi reconhecido pelo
Superior Tribunal de Justiça em abril de 2010. Ao mesmo tempo, a base
do governo Dilma tenta avançar com o Projeto de Lei Suplementar (PLS)
470/13, que agora tramita no Senado. Embora tenha um nome parecido
“Estatuto das famílias”, reconhece a relação homoafetiva como entidade
familiar.
Com informações de Felipe Patury e DM
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