domingo, 25 de agosto de 2019

caráter se constrói em casa.



Coração e caráter são talhados dentro de casa. Quem fracassa nessa disciplina da escola do discipulado de Jesus torna-se cristão apenas da boca para fora, torna-se hipócrita. Será destruído no final, e pelo caminho, ao longo da jornada até o final, farão bastante estrago.
Não se esqueça: caráter se constrói em casa.
Caráter em construção
Pois bem, como é que Jesus constrói o nosso caráter dentro de casa? Com o coração cheio de Jesus, e agora dentro de casa, o que nós precisamos aprender? Há cinco lições que precisamos destacar da visita que Jesus fez à casa de Pedro.
1. Dentro de casa nós aprendemos a servir
Há uma tradição muito confiável que localiza a casa de Pedro em Cafarnaum a uma distância de apenas 25 metros da sinagoga. Após visita àquela sinagoga, Jesus resolveu dar uma passadinha na casa de Pedro. Veja de novo o que aconteceu.
Lc 4.38-39 | 38 Jesus saiu da sinagoga e foi à casa de Simão. A sogra de Simão estava com febre alta, e pediram a Jesus que fizesse algo por ela. 39 Estando ele em pé junto dela, inclinou-se e repreendeu a febre, que a deixou. Ela se levantou imediatamente e passou a servi-los.
Esses dois versículos começam e terminam com o serviço. No início, Jesus serve, curando a sogra de Pedro. No final, estando já curada, é a vez da sogra de Pedro servir.
Jesus veio para servir e não para ser servido. Nós também.
Geralmente não gostamos de servir em casa (nem na igreja). Preferimos ser servidos. Pagamos para sermos servidos. Principalmente os homens, que carregam o argumento de que trabalham duro fora de casa o dia todo e a semana inteira. Agora, note que Jesus, mesmo cansado, chegou à casa de Pedro e não se furtou do serviço. Ele cura a sogra de Pedro, apesar da correria e do cansaço.
Lenski, no seu comentário em Lucas, coleta as informações dos quatro evangelhos e relata como teria sido aquele dia de Jesus, antes de ele entrar na casa de Pedro. Veja…
Era sábado. Pela manhã, o Senhor pregou o Sermão do Monte (Mt 5-7). De lá, ele realizou algumas curas pelo caminho, até a sua chegada em Cafarnaum (Mt 8.1-5). Entrando na cidade, foi para a Sinagoga, onde pregou com a mesma autoridade que ele dispunha ao pregar o Sermão do Monte. Perto do fim daquele dia, Jesus se encaminhou para a casa de Pedro, onde ele curou a sogra do seu futuro apóstolo.
O exemplo de Jesus nos ensina que o serviço é para todos nós, homens e mulheres, independentemente da carga horária. Fomos chamados para servir e o serviço começa dentro de casa. Pedro aprendeu a lição, a ponto de mais tarde escrever o seguinte:
ARA 1Pe 3.7 | Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações.
Dentro de casa nós aprendemos a servir. Quem não serve dentro de casa, dificilmente servirá fora.
2. Dentro de casa nós desenvolvemos a sensibilidade
Acho interessante o que Pedro escreveu sobre a espiritualidade feminina. Ele disse assim:
1Pe 3.1-5 | 1 Do mesmo modo, mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, a fim de que, se ele não obedece à palavra, seja ganho sem palavras, pelo procedimento de sua mulher, 2 observando a conduta honesta e respeitosa de vocês. 3 A beleza de vocês não deve estar nos enfeites exteriores, como cabelos trançados e joias de ouro ou roupas finas. 4 Ao contrário, esteja no ser interior, que não perece, beleza demonstrada num espírito dócil e tranquilo, o que é de grande valor para Deus. 5 Pois era assim que também costumavam adornar-se as santas mulheres do passado, que colocavam sua esperança em Deus.
Claro que ele aprendeu tudo isso nas Escrituras. Mas, foi no convívio dele com sua mãe e, posteriormente, com esposa e sogra que ele viu, em primeira mão, essas verdades sendo praticadas.
Dentro de casa Pedro aprendeu a ter sensibilidade o bastante para conseguir ministrar e abençoar a vida dos outros. Veja como ele continua a narrativa em sua carta.
1Pe 3.5-6 | [As santas mulheres do passado] se sujeitavam cada uma a seu marido, 6 como Sara, que obedecia a Abraão e o chamava senhor. Dela vocês serão filhas, se praticarem o bem e não derem lugar ao medo.
No seu convívio com as mulheres de sua vida, Pedro desenvolveu sensibilidade o bastante para perceber que o temor de homens é o que tantas vezes nos impede de praticar o que Deus ordena. Dentro de casa Pedro aprendeu a discernir o coração dele e das pessoas que ele amava. Isso o ajudou a ser um pastor de almas.
Dentro de casa nós desenvolvemos a sensibilidade.
3. Dentro de casa nós encontramos o socorro
A mulher de Pedro tornou-se para Pedro (e Pedro para ela) o que Eclesiastes diz que deve ser qualquer relacionamento afetivo, especialmente o conjugal.
Ec 4.9-12 | 9 É melhor ter companhia do que estar sozinho, porque maior é a recompensa do trabalho de duas pessoas. 10 Se um cair, o amigo pode ajudá-lo a levantar-se. Mas pobre do homem que cai e não tem quem o ajude a levantar-se! 11 E se dois dormirem juntos, vão manter-se aquecidos. Como, porém, manter-se aquecido sozinho? 12 Um homem sozinho pode ser vencido, mas dois conseguem defender-se. Um cordão de três dobras não se rompe com facilidade.
O relacionamento de Pedro com a esposa era tão mutuamente fortalecedor que Paulo, o mesmo que em alguns momentos encorajava o celibato (1Co 7.7-9), usou a vida do casal para ilustrar o tipo de ajuda que os apóstolos precisavam no desenvolvimento do seu trabalho. Falando de sustento e de auxílio, Paulo disse assim:
1Co 9.3-5 | 3 Esta é minha defesa diante daqueles que me julgam. 4 Não temos nós o direito de comer e beber? 5 Não temos nós o direito de levar conosco uma esposa crente como fazem os outros apóstolos, os irmãos do Senhor e Pedro?
Dentro de casa nós encontramos o socorro.
4. Dentro de casa nós abraçamos o sofrimento
Algo que deve ter perturbado Pedro, no início de sua caminhada com Jesus, foi a enfermidade repentina de sua sogra. Lucas, que era médico, descreve com muita força e vivacidade o incidente.
Lc 4.38-39 | 38 Jesus saiu da sinagoga e foi à casa de Simão. A sogra de Simão estava com febre alta, e pediram a Jesus que fizesse algo por ela. 39 Estando ele em pé junto dela, inclinou-se e repreendeu a febre, que a deixou. Ela se levantou imediatamente e passou a servi-los.
Veja que não era espírito mal nem demônio. Era uma doença. A febre havia agarrado aquela senhora. Era “febre alta”, ou seja: infecção deveria ser muito severa. Agora, até Jesus entrar em cena e agir com poder soberano sobre aquela enfermidade, inúmeros pensamentos devem ter invadido a mente de Pedro: “Pai, porque nós… Por que agora… Eu estava prestes a me entregar de corpo e alma para essa nova vida… Por quê?”
Pedro estava aprendendo que mesmo os que são salvos e se colocam a servir podem ser vítimas do sofrimento. Aliás, há uma tradição muito confiável na história da igreja que diz que Pedro e a esposa tiveram uma filha (confira Eusébio em História Eclesiástica 3.30.1). Algumas lendas dão a essa filha o nome de Petrolina. Diz-se que era jovem muito bela e formosa, mas que era vítima de um tipo de paralisia dos membros inferiores.
Há um texto apócrifo, intitulado Atos de Pedro, que narra uma experiência interessante. Diz-se que alguns discípulos questionaram o apóstolo sobre a razão de ele não curar a própria filha, uma vez que ele já havia curado muitos cegos, surdos e paralíticos. Pedro, sorrindo, teria respondido:
Meu filho, cabe apenas a Deus a razão por que seu corpo não foi tornado são. Sabe, porém, que Deus não é fraco nem impotente para conceder seu dom a minha filha.
A história de Atos de Pedro contém muitos relatos que são perceptivelmente lendários. Não os inclui aqui. Entretanto, é surpreendente que muitas outras histórias ou lendas registrem algum tipo de semelhança com essa história de enfermidade, de paralisia, relacionada à Petrolina, filha de Pedro. Pedro deve ter sim suportado até o fim a realidade de que o sofrimento não isenta aqueles que se convertem e são chamados para o serviço. Pedro aprendeu que dentro de casa nós abraçamos o sofrimento e não paramos de servir.
A história de Benjamim B. Warfield é bastante inspiradora. Ele foi um teólogo que até hoje é conhecido e respeitado mundialmente. Foi professor de teologia em Princeton durante quase 34 anos até a sua morte em 1921. Muitos conhecem os seus livros, mas o que a maioria não sabe é que “em 1876, aos 25 anos, ele se casou com Annie Pierce Kinkead e os dois fizeram uma viagem de lua de mel na Alemanha. No meio de uma tempestade violeta, Annie foi atingida por um raio e ficou paralítica. Depois de cuidar dela durante 39 anos, Warfield a levou ao último descanso em 1915. Por causa das necessidades especiais da esposa, Warfield raramente saia de casa por mais de duas horas de cada vez em todos esses anos de casamento” (John Piper).
Aí, quando esse homem escreve o que ele escreveu sobre Romanos 8.28 (todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus), suas palavras nos atingem com indescritível propriedade:
A ideia fundamental aqui é o governo universal de Deus. Tudo que lhe acontece está sob sua mão controladora. A segunda ideia é o favor de Deus para com os que o amam. Se ele governa a todos, então nada, a não ser o bem, pode recair sobre as pessoas a quem ele faria o bem […]. Embora sejamos fracos demais para nos ajudar a nós mesmos e cegos demais para pedir o que necessitamos, ele é o autor em nós justamente desses desejos […] e ele governará todas as coisas de tal maneira que colhamos somente o bem de tudo que nos acontece.
Dentro de casa nós abraçamos o sofrimento, aprendendo a confiar na bondade de Deus, servindo sem parar, seguindo com fé, esperança e amor.
5. Dentro de casa nós conhecemos o Senhor
Foi na intimidade de sua casa que, pouco a pouco, Jesus foi se revelando a Pedro, até o ponto de chamá-lo para ser um dos Doze. Foi na intimidade do lar que ele conheceu o poder, o perdão e o propósito de Jesus para a vida dele. A ponto de adiante, em sua última carta, o apóstolo escrever:
1Pe 3.17-18 | 17 Portanto, amados, sabendo disso, guardem-se para que não sejam levados pelo erro dos que não têm princípios morais, nem percam a sua firmeza e caiam. 18 Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, agora e para sempre! Amém.
Dentro de casa nós conhecemos o Senhor, pois experimentamos e repassamos o seu perdão, recebemos e repartimos o seu poder, reconhecemos e replicamos os seus propósitos.
Dentro de casa
Hoje à noite eu desafio você: leve Jesus para dentro da sua casa.
Deixe seu caráter ser transformado na medida em que você for aprendendo que a casa da gente é um lugar especial nos planos de Deus, é o primeiro e o principal ambiente de aprendizagem e de crescimento, de aperfeiçoamento do caráter.
Portanto, dentro de casa…
Pratique o serviço
Desenvolva a sensibilidade
Encontre o socorro
Abrace o sofrimento
Conheça o Senhor

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