Por esse motivo, aquele que pensa estar de pé, preste
atenção para que não venha a cair (1Co 10:12).
- Paulo conclui, à luz do
precedente, que não devemos ensoberbecer-nos de como começamos, ou de nosso
progresso, de modo a nos tornarmos complacentes e indolentes. Pois os coríntios
se sentiam tão vangloriosos de sua própria situação que se esqueceram de quão
fracos eram, e caíram em muitas práticas vergonhosas e nocivas. Mergulharam
numa injustificada autoconfiança, semelhante à que os profetas estavam sempre a
condenar no povo de Israel. Porém, visto que os papistas torcem este versículo
com o fim de estabelecer seu ímpio dogma de que devemos viver sempre num estado
de incerteza no tocante à fé, notemos bem que existem dois gêneros de
confiança.
Um repousa nas promessas divinas,
de modo que o crente é convencido, em seu coração, de que Deus jamais o deixa,
e, escudado nesta invencível convicção, ele enfrenta a Satanás e ao pecado,
alegre e destemidamente. Ao mesmo tempo, contudo, rememorando suas próprias
fraquezas, ele se abandona em Deus, em temor e humildade, e, em sua angústia,
se confia a ele de boa vontade. Este tipo de confiança é algo santo e saudável,
e não pode ser alienado da fé, como é evidente de muitas passagens da
Escritura, especialmente Romanos 8.33. O outro tipo de confiança tem suas
raízes na indiferença, quando os homens ardem de orgulho em virtude dos dons
que possuem, e vivem completamente despreocupados sobre sua própria situação,
senão que, ao contrário, aquiescem nela como se estivessem fora do alcance de
qualquer perigo; com o danoso resultado de se verem expostos a todos os ataques
de Satanás. E este tipo de confiança que Paulo deseja que os coríntios
renunciem, porquanto ele percebia que sua presunção repousava numa crença
irracional. Não lhes diz, porém, que vivessem num estado de ansiedade e in
certeza quanto à vontade de Deus, ou que alimentassem medo de que a sua
salvação não fosse algo definido e definitivo, segundo imaginam os papistas.
Sumariando, lembremo-nos de que Paulo está falando a homens que viviam
convencidos em razão de uma equivocada confiança no ser humano, e ele está
procurando pôr fim a tal fraqueza, a qual teve sua origem na dependência humana
e não na divina. Pois, após louvar os colossenses por sua solidez ou 'firmeza
na fé' (Cl 2.5), convida-os a permanecerem firmes, radicados em Cristo, e a
serem "edificados nele e estabelecidos na fé" (Cl 2.7).
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