quarta-feira, 24 de julho de 2013

J. C. RYLE – O QUE É SER SALVO?

poucos salvos Jc Ryle
Este é um assunto que precisa ser esclarecido. Até que saibamos disso, não faremos nenhum progresso. Por ser “salvo” eu posso ter em mente uma coisa, e você pode ter em mente outra. Deixe- me mostrá-lo o que a Bíblia diz sobre ser “salvo”, e então não haverá mal-entendidos.
Ser salvo não é meramente professar e chamar a nós mesmos de Cristãos. Podemos ter todas as partes exteriores do Cristianismo, e ainda estarmos perdidos apesar de tudo. Nós podemos ser batizados na Igreja de Cristo, participar da mesa de Cristo, ter conhecimento Cristão – ser reconhecidos como homens e mulheres Cristãs; e ainda sermos almas mortas por toda nossa vida – e ao fim, no dia do julgamento, se achar à esquerda de Cristo, entre os bodes. Não: isto não é salvação! Salvação é algo muito maior e mais profundo que isto. Agora, o que é?
(a) Ser salvo é ser liberado nesta vida presente da culpa do pecado, pela fé em Jesus Cristo, o Salvador. É ser perdoado, justificado, e livre de cada acusação de pecado, pela fé no sangue de Cristo e em Sua mediação. Todo aquele que com seu coração crê no Senhor Jesus Cristo, é uma alma salva. Ele não perecerá. Ele tem a vida eterna. Esta é a primeira parte da salvação, e a origem de todo resto. Mas isto não é tudo.
(b) Ser salvo é ser liberado nesta vida presente do poder do pecado, pelo novo nascimento, e santificado pelo Espírito de Cristo. É ser livre do domínio abominável do pecado, do mundo, e do diabo, tendo uma nova natureza introduzida em nós pelo Espírito Santo. Todo aquele que é dessa maneira renovado no espírito de sua mente, e convertido, é uma alma salva. Ele não perecerá. Ele entrará no reino glorioso de Deus. Esta é a segunda parte da salvação. Mas ainda não é tudo.
(c) Ser salvo é ser liberado no dia do julgamento, de todas as terríveis consequências do pecado. É ser declarado inocente, imaculado, irrepreensível, e completo em Cristo, enquanto outros são achados culpados e condenados para sempre. É ouvir aquelas palavras confortantes: – “Vinde, benditos!”; enquanto outros ouvem aquelas palavras atemorizantes: – “Apartai-vos de mim, malditos!” (Mateus 25.34,41). É ser aceito e confessado por Cristo, como um de Seus filhos e servos queridos, enquanto outros são rejeitados e lançados fora para sempre. É ser declarado livre da parte do iníquo: – do bicho que nunca morre, do fogo que nunca se apaga, do choro, do gemido, e do ranger de dentes, que nunca tem fim. É receber a recompensa preparada para os justos, no dia da segunda vinda de Cristo – o corpo glorioso, o reino incorruptível, a incorruptível coroa de glória, e a alegria eterna. Esta é a salvação completa.
Esta é a “redenção” que os verdadeiros Cristãos são encorajados a olhar e desejar (Lucas 21.28). Esta é a herança de todos os homens e mulheres que creem e nascem de novo. Pela fé eles já são salvos. Aos olhos de Deus sua salvação final é uma coisa absolutamente certa. Seus nomes estão no livro da vida. Suas mansões no céu já estão preparadas. Mas ainda há uma parte da redenção e da salvação que eles não alcançarão enquanto estiverem no corpo. Eles são salvos da culpa e poder do pecado; mas não da necessidade de vigiar e orar. Eles são salvos do medo e amor do mundo, mas não da necessidade diária de lutar. Eles são salvos da servidão do diabo; mas não são salvos de serem atormentados por suas tentações. Porém quando Cristo vier à salvação dos crentes estará completa. Eles já a possuem no broto Eles a verão então na flor.
Salvação é isto. É ser salvo da culpa, poder, e consequências do pecado. É crer e ser santificado hoje, e ser salvo da ira de Deus no último dia. O salvo que tem a primeira parte na vida presente, terá sem dúvida a segunda parte na vida por vir. Ambas as partes serão unidas. O que Deus juntou, nenhum homem tente dividir. Que ninguém sonhe que será salvo no fim, se primeiro não nascer de novo.
Que ninguém duvide, se nasceu de novo aqui, que certamente será salvo no mundo porvir.
Que nunca seja esquecido que o objetivo principal de um ministro do Evangelho é promover a salvação das almas. Eu afirmo como um fato certo que não é um ministro verdadeiro quem não sente isso. Não falo de mandamento de homens! Tudo pode estar sendo feito corretamente, e de acordo com as regras. Ele pode usar um casaco preto, e ser chamado de “reverendo”. Mas se a salvação das almas não é o grande interesse – a paixão dominante; o pensamento cativante de seu coração – ele não é um verdadeiro ministro do Evangelho: ele é um assalariado, e não um pastor. Congregações podem tê-lo chamado, mas ele não é chamado pelo Espírito Santo. Bispos podem tê-lo ordenado, mas não Cristo.
Para qual propósito os homens supõem que os ministros são enviados à frente? É meramente para usar um sobrepeliz, e ler as cerimônias, e pregar um certo número de sermões? É meramente para administrar os sacramentos, e oficiar em casamentos e funerais? É meramente para ter uma vida confortável, e estar em uma profissão respeitável? Não, sem dúvida! Nós somos enviados avante para outros fins que esses. Nós somos enviados para trazer homens das trevas para a luz, e do poder de Satanás para Deus. Nós somos enviados para convencer homens a fugir da ira vindoura. Nós somos enviados para atrair homens do serviço do mundo para o serviço para Deus, para despertar os que dormem – para alertar o desatento – e “por todos os meios chegar a salvar alguns” (1 Coríntios 9.22).
Não pense que tudo acaba quando estabelecemos cerimônias regulares, e persuadimos as pessoas a assisti-las. Não pense que tudo acaba, quando congregações cheias estão reunidas, e a mesa do Senhor está repleta, e a escola paroquial está lotada. Nós queremos ver a obra manifesta do Espírito entre o povo, um senso evidente de pecado, uma fé vigorosa em Cristo – uma resoluta mudança de coração, uma separação nítida do mundo, uma andar santo com Deus. Em resumo, nós queremos ver almas salvas – e nós somos tolos e impostores, cegos condutores de cegos, se descansamos satisfeitos com qualquer coisa menos que isso.
Afinal, o grande objetivo de ter uma religião é ser salvo. Esta é a grande questão que temos que assentar em nossas consciências. O assunto para nossa consideração não é se vamos à igreja ou à capela – se nos aprofundamos em certos costumes e cerimônias – se observamos certos dias, e executamos um certo número de deveres religiosos. O importante é se, depois de tudo, nós seremos “salvos”. Sem isso todos os nossos atos religiosos são desgastantes e o labor é em vão.
Nunca, nunca nos contentemos com algo menos do que uma religião salvífica. Seguramente estar satisfeito com uma religião que não dá nenhuma paz na vida, nenhuma esperança na morte, nenhuma glória no mundo que virá, é estupidez infantil.

[J. C. Ryle; Poucos salvos, [Projeto Ryle], pg 4.]

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