sábado, 16 de março de 2013

OUVIDOS DE SERVO.


TEMA: SAMUEL, OUVIDOS DE SERVO.

TEXTO: 1 Sm 3.10.

introdução:
"Samuel" significa "o nome de Deus". Sua mãe chamou-o assim porque desejava que o nome do Senhor fosse exaltado em sua vida. Ela disse: "Do Senhor o pedi" (1 Sm 1.20). Tal declaração pode ser entendida como: "Tenho pedido ao Se­nhor (um nome de Deus) para ele". De fato, Samuel dignificou o nome de Deus perante o seu povo. Liderou a nação de Israel num avivamento espiritual e num longo período de paz.
Embora fosse apenas um menino, Samuel recebeu um chama­do para uma obra especial. Por que isso aconteceu? A Bíblia diz que "naqueles dias, a palavra do Senhor era mui rara; as visões não eram freqüentes" (1 Sm 3.1). Se Deus raramente falava a alguém, por que falou a Samuel? Porque aquele jovem sabia ouvir!
"Fala, porque o teu servo ouve", foi uma frase que marcou a vida de Samuel. Mais do que uma resposta a revelação inicial do Senhor, tal afirmação se constituiu numa diretriz que norteou seus passos e transformou-o num grande homem. Samuel não ouvia o Senhor de uma maneira qualquer. Ele o escutava com ouvidos de servoO que isso significa?

O que são ouvidos de servo?

Um músico não ouve uma melodia da mesma forma que as outras pessoas. Ele a escuta com ouvidos de músico: analisa a harmonia, o ritmo, o volume, a afinação dos instrumentos e das vozes, e assim por diante. O mesmo se dá na esfera espiritual: se desenvolvermos ouvidos de servo, entenderemos a palavra de Deus de um jeito especial.
Que tipo de ouvidos são esses?
1-Ouvidos atentosDeus falou "tendo-se deitado também Samuel, no templo do Senhor, em que estava a arca, antes que a lâmpada de Deus se apagasse" (1 Sm 3-3). Aquele moço pro­curou uma hora calma e um lugar tranqüilo para ouvir Deus falar. Esse é um grande exemplo para nós. Num mundo tão agitado - no qual tantos sons concorrem com a voz do Altíssimo - precisamos cultivar o hábito de orar e meditar, aquietando-nos e permanecendo atentos àquilo que Deus tem a nos dizer.
Já aconteceu de você estar conversando com alguém e, a certa altura, perceber que a pessoa não estava prestando aten­ção às suas palavras? O que você fez? Provavelmente apontou-lhe o fato ou, simplesmente, parou de falar. Afinal, por que con­tinuar se pronunciando se não há ninguém disposto a escutá-lo? Da mesma forma, o Espírito Santo deixará de falar-nos se não dermos importância à sua voz.
O profeta Isaías escreveu: "O Senhor Deus me deu língua de eruditos, para que eu possa dizer boa palavra ao cansado. Ele me desperta todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que eu ouça como os eruditos" (Is 50.4). Isaías era um homem que tinha o que falar porque dedicava tempo a ouvir. O mesmo pode ser dito a nosso respeito?
2-Ouvidos obedientes. O Senhor não se disporá a nos falar se não estivermos prontos a segui-lo. Antes de se revelar a Samuel, Deus havia falado a Eli. Advertira o sacerdote quanto ao mau comportamento de seus filhos e à sua omissão como pai. Toda­via, Eli não fez nada a respeito. Então, o Senhor decretou: "Na­quele dia, suscitarei contra Eli tudo quanto tenho falado com respeito à sua casa; começarei e o cumprirei. Porque já lhe dis­se que julgarei a sua casa para sempre, pela iniqüidade que ele bem conhecia, porque seus filhos se fizeram execráveis, e ele os não repreendeu" (1 Sm 3.12,13).
Ter ouvidos de servo significa estar pronto a obedecer. Quando dizemos: "Fala, porque o teu servo ouve", estamos pergun­tando a Deus: "Quais são as suas ordens?" Um servo não indaga alguma coisa ao seu senhor por simples curiosidade. Ele não diz: "Quero conhecer a sua vontade, mas não estou disposto a cumpri-la". Devemos estar cientes de que Deus só falará conosco se estivermos prontos a seguir as suas orientações.
3-Ouvidos voluntários. Ter uma boa disposição para fazer aquilo que o seu senhor espera é essencial para que um servo seja considerado fiel. Não basta obedecer: e' preciso fazer isso de boa vontade. Não é suficiente cumprir uma obrigação: é ne­cessário envolver-se com a obra de tal maneira que se dedicar a ela seja considerado um privilégio.
Nos dias do profeta Ezequiel, muitas pessoas se dirigiam aos cultos a fim de ouvir a voz de Deus. Não a escutavam, porém, com um espírito voluntário. O Senhor disse ao profeta: "Eles vêm a ti, como o povo costuma vir, e se assentam diante de ti como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois, com a boca, professam muito amor, mas o coração só ambiciona lucro. Eis que tu és para eles como quem canta canções de amor, que tem voz suave e tange bem; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra" (Ez 33-31,32). Ouvir as pregações era, para aquelas pessoas, uma espécie de entretenimento. Parece que esse é um problema muito comum hoje em dia.
ILUSTRAÇÃO: Um homem estava esperando por sua esposa na frente do templo. Quando uma senhora saiu, ele perguntou:
— O sermão já acabou?
— Não, respondeu a mulher, está começando agora.
— Como assim?, tornou o marido. Quer dizer que o pastor começou a pregar neste momento?
— Nada disso, respondeu ela. Ele já parou de falar. Mas é agora que nós vamos começar a praticar o que ele falou.
Aquela senhora sabia a diferença entre o sermão pregado e o sermão vivido. E quanto a nós?

O que pode nos impedir de ter ouvidos de servo?

Há muita gente sofrendo de "surdez espiritual". Essas pessoas não são capazes de ouvir a voz de Cristo, porque não se dispõem a escutá-lo com ouvidos de servo. Às vezes, chegam a reclamar dos pregadores e das igrejas. Mas o fato é que exis­te um tampão nas suas orelhas. É por isso que não se sentem abençoadas como os que estão ao seu lado.
O salmista escreveu: "Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra das suas mãos" (Sl 19-1). Como aquele homem era capaz de escutar a voz do Senhor tão clara­mente na natureza? Ele buscava o Criador com um coração sin­cero! Sua oração foi: "As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, ro­cha minha e redentor meu!" (Sl 19-14.)
Você também pode ouvir o Senhor claramente, e ser aben­çoado pela certeza da sua presença. Para isso, o que tem de fazer é desentupir os canais auditivos da sua alma.
Quais são as coisas que formam a "cera espiritual" dos seres humanos?
1-PecadoA desobediência e a rebeldia endurecem o nosso coração, danificam a nossa sensibilidade e cauterizam a nossa consciência. Nenhum pecado é inofensivo. Se dermos lugar à iniqüidade em nossa vida, concessões aparentemente insignifi­cantes irão se somar umas às outras até formarem uma crosta impenetrável.
Dwight L. Moody, grande avivalista do século XIX, escreveu na primeira página de sua Bíblia: "Este livro me fará evitar o pecado, ou o pecado me fará evitar este livro". Eis aí uma gran­de verdade! Se você sente que Deus não lhe tem falado podero­samente, deve investigar sua vida e procurar por pecados não confessados. Há uma grande chance de que o problema esteja aí, pois as nossas transgressões nos afastam da Palavra do Se­nhor.
2-Orgulho. Quando passamos a confiar demais em nós mes­mos, deixamos de procurar a orientação dos céus. É como se disséssemos: "Eu já sei de tudo; para que ouvir o Senhor?" Com relação aos israelitas que caíram nesse erro, o profeta escreveu: "Fizeram o seu coração duro como o diamante, para que não ouvissem a lei, nem as palavras que o Senhor dos Exércitos enviara pelo seu Espírito, mediante os profetas que nos prece­deram; daí"veio a grande ira do Senhor dos Exércitos" (Zc 7.12). Não alimente um espírito arrogante. Quando o homem está cheio de si, não sobra nenhum lugar para Deus.
3-MágoaExistem ocasiões em que o grito do aborrecimento e o clamor da amargura abafam a voz do Redentor. O ressenti­mento e a mágoa são poderosos "tampões espirituais". Eles têm a capacidade de interromper nossa comunicação com Deus. Por isso a Bíblia diz: "Afasta, pois, do teu coração o desgosto e remove da tua carne a dor" (Ec 11.10).
Você já escutou a expressão "cego de raiva"? Pois bem: o ressentimento talvez não afete a nossa visão, mas certamente avaria a nossa audição! Não é possível escutar a voz de Cristo e a do orgulho ferido ao mesmo tempo. Por maiores que sejam as ofensas que tenhamos sofrido, precisamos perdoá-las. Caso contrário, nossa conexão espiritual será rompida, e o diabo le­vará vantagem sobre nós (2 Co 2.11).
4-Preguiça. Certa ocasião Jesus falou a um grupo de pessoas que o procuravam apenas porque admiravam os seus mila­gres. O Salvador confrontou aqueles homens e expôs-lhes o alto preço do discipulado. "Tendo ouvido tais palavras, disse­ram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?" (Jo 6.60.) Em seguida, aquelas pessoas viraram as costas e deixaram de se­guir a Cristo.

Conclusão:
Há muitos que não ouvem a voz de Deus simplesmente por­que não querem escutá-la. O que o Senhor tem a dizer-lhes não é o que gostariam de ouvir. Se o Todo-Poderoso lhes aponta um caminho difícil, acham mais fácil se fazer de desentendi­dos, afirmando que não sabem de nada. Precisamos nos livrar da cera da preguiça. Se o pior cego é aquele que não quer ver, então o pior surdo é o que não está disposto a escutar.
Com os seus ouvidos de servo, Samuel se tornou um grande homem. Ele se firmou como um líder querido e um juiz respei­tado pelo seu povo. As Escrituras dizem que "o Senhor era com ele, e nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra" (1 Sm 3.19). Por quê? Porque ele sabia falar? Não! Porque sabia ouvir!
Ser capaz de ouvir a voz do Senhor e' algo muito importante. Peça a Deus que lhe dê ouvidos de servo. Dependa do auxílio divino para ser uma pessoa atenta, obediente e prestativa. Disponha-se a combater incansavelmente o pecado, o orgulho, a mágoa e o comodismo. A sua felicidade - assim como a de muita gente - depende disso.
Quando somos capazes de escutar a voz de Deus, recebemos conforto, orientação, capacitação e discernimento. Nossa existência se reveste de um novo significado. Nossos temores dão lugar à confiança. Nossas lutas são convertidas em vitórias. O que poderia ser mais importante? Estabeleçamos, portanto, o firme propósito de sermos bons ouvintes do nosso Deus. Como Samuel, digamos: "Fala, porque o teu servo ouve".

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