Sermões expositivos, esboços de sermões, preeleções, pregações, mensagens e reflexões bíblicas...
sábado, 30 de outubro de 2021
A Minhoca
terça-feira, 26 de outubro de 2021
Troque a dor por lembranças.
No dia 12 de Agosto de 2021, faleceu de Covid-19, o ícone da teledramaturgia brasileira Tarcísio Meira trazendo comoção pública e familiar. Mocita Fagundes, sua nora, fez uma belíssima declaração publicada em muitos jornais: “O luto dói, o luto exaure a gente. Mas o luto também “te exige” um… recomeçar. O exercício é trocar a dor pelas lembranças lindas.”
Que gigantesco desafio é este para pessoas que passam por grandes perdas. O problema é que, nem sempre a dor é facilmente elaborada, e assim transformamos a dor em mera dor. Ela não traz reflexão nem maturidade, e nos leva a um movimento fetal de introversão, não permitindo que saiamos do seu macabro ciclo. Quando a dor se torna tão onipotente, é impossível superá-la, e isto nos leva a uma paralisia pessoal. A dor prevalece e se torna senhora...dominando todas as áreas da vida.
Muitos conseguem transformar a dor em lembranças lindas. A saudade profunda se torna algo encorajador, levando a um aprofundamento e trazendo vida, generosidade, solidariedade, nos deixando mais humanos. Em alguns casos, um senso de enorme gratidão por ter sido abençoado de participar de uma vida que deixou tantas lembranças e se foi, na maioria das vezes, bem mais cedo que queríamos...
Sempre me surpreendi com as palavras de Cristo na hora em que ele distribuía o pão e vinho aos seus discípulos. “Tomando o pão, deu graças e repartiu dizendo: “Este é o meu corpo que é dado por vós, fazei isto em memória de mim”. Espantoso! Como dar graças a Deus por algo que aponta para seu sofrimento, para seu martírio e para a cruz? Aliás, Em essência, a palavra “Eucaristia” significa “ação de graças”, não é isto surpreendente?
O grande segredo é que Jesus não olhava a dor como mera dor. Ele via a dor como algo mais profundo. Sua dor apontava para uma oferenda de si mesmo, para algo redentivo. Sua morte trouxe vida.
Tenho muito medo de fazer reflexão em cima da dor do outro, mas ao mesmo tempo, não posso me privar da possibilidade de ajudar aqueles que sofrem com uma reflexão que encoraje e ajude a dura caminhada no luto e nas doloridas perdas. Se pudermos transformar a dor em boas lembranças, o luto em algo produtivo, certamente isto será muito produtivo e cresceremos espiritualmente.
“Não é só pela morte que temos que sofrer. É pela vida. Pelas perdas. Pelas mudanças. Quando dói tanto que não se pode respirar, é assim que você sobrevive. O luto vem em seu próprio tempo para todos. À sua própria maneira. O melhor que podemos fazer é tentar nos permitir senti-lo, quando ele vem. E deixar pra lá quando podemos.” (Grey’s Anatomy)
Rev Samuel Vieira.
O Segundo tempo
Os torcedores de futebol conhecem bem esta expressão. O jogo de futebol é dividido em duas etapas, e muitas vezes, o resultado do primeiro tempo é um desastre, mas subitamente, surge um fato novo, um gol inesperado, a expulsão de um jogador do time adversário, ou a mudança no ânimo dos jogadores, e o segundo tempo torna-se surpreendente.
Bob Buford, um bilionário texano, dono de uma grande rede de telecomunicações americana, escreveu o livro “A arte de virar o jogo no segundo tempo da vida”. Para ele, a vida de um ser humano divide-se em duas etapas. Na primeira, a prioridade é a formação acadêmica, a luta pelo emprego, para se encaixar no mercado de trabalho, casar, criar filhos, e se firmar responsavelmente e com solidez na vida.
Nesta fase, ele luta para alcançar o sucesso, a realização profissional e o sustento de sua família. As pessoas são resistentes, agressivas nas suas ambições, aguerridas e quase incansáveis. As oportunidades estão diante dele que as agarra com tenacidade.
No segundo tempo da vida, ele descobre que suas conquistas pessoais, sucesso, não são suficientes para dar sentido, nem trazer plenitude à vida. Ser bem sucedido e encontrar significado são duas coisas completamente diferentes. A existência sem sentido gera frustração, angústia e vazio.
Quase sempre nos vemos em um ou outro destes momentos da vida. Relutante ou corajosamente enfrentamos desafios. Muitas vezes entramos para o “vestiário” antes do segundo tempo, com um senso enorme de fracasso e derrota, mas podemos ser surpreendidos pelo desenrolar do novo tempo.
Uma famosa loja de casacos de Londres fez uma afirmação magistral: “Estamos há 127 anos no mercado, já vimos de tudo. Tivemos períodos de grande sucesso, mal conseguindo atender os produtos que oferecemos, ganhamos muito dinheiro, expandimos a fábrica, fizemos muitas contratações. Também já passamos por duas guerras mundiais, nossa loja foi incendiada, fomos assaltados duas vezes, passamos pela Grande Depressão, já decretamos falência mas ainda assim continuamos no mercado. Você deve estar perguntando porquê? A razão é simples: Não queremos perder o próximo capítulo.”
O conhecido pensador cristãos G.K. Chesterton afirma: “Fé é aquilo capaz de sobreviver a um estado de ânimo.” Então, quando estiver desencorajado considere o seguinte: Ainda temos todo um segundo tempo de jogo, não é hora de desanimar.
Rev Samuel Vieira.
CORONEL JOÃO DOURADO (1854-1927)
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