quarta-feira, 19 de setembro de 2018

E O ESPÍRITO DE DEUS PAIRAVA SOBRE A FACE DAS ÁGUAS





O livro do Gênesis nos conta que no princípio Deus criou o céu e da terra. E a história da criação é apresentada com muitos contrastes. Lemos que a terra foi criada, “mas era sem forma e vazia“. O mundo, até aquele momento, estava imerso na escuridão, “e havia trevas sobre a face do abismo“.


Veja que falamos aqui de contrates, e o que contrasta com “trevas” é a “luz”. Mas a “luz” não é citada logo em seguida; não de forma direta. Ao invés, o Gênesis cita:


e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.
Gênesis 1:2

Somente no verso seguinte é que lemos, “E disse Deus: Haja luz; e houve luz. Gênesis 1:3“. Isso por que como explicamos no estudo bíblico anterior, “a luz” é o próprio Deus.

E se o Espírito de Deus é luz, por que o Espírito Santo pairava sobre as águas? Não seria mais esperado que iluminasse a terra? O que significa “pairava” no original em Hebraico? Qual seria o significado de “água”, nesse contexto?
O ESPÍRITO PAIRAVA SOBRE AS ÁGUAS



Na segunda parte do Gênesis 1:2 nós lemos “veruach (e o Espírito de) Elohim (Deus) merachefet (pairava) al (sobre) peney hamayim (a face das águas)“. O termo “pairava”, em Hebraico, é a palavra מְרַחֶפֶת “merachefet“, que é o verbo רָחַף “rachaf” na forma do Binyan Piel (particípio), de raiz duplicada e intensiva. Realmente é um ato intensivo, forte, esperançoso.

O particípio Hebraico (que não é igual ao particípio do Português), é uma forma nominal dos verbos, o que permite que o verbo “merachefet” (lê-se merarrêfet), tenha o final formado pela letra ת “tav” (som do T no final), que é uma terminação feminina.

Isso nos revela que o substantivo “ruach Elohim“, “Espírito de Deus“, é uma palavra feminina. O Targum Onkelos, que é uma tradução interpretada para o Aramaico, usado pelos Judeus da Época de Jesus, traz para o termo “pairava“, a palavra aramaica מְנַשְּׁבָא“menashvah“, que tem o sentido de uma ave se assentando sobre seus ovos para chocá-los.



Um ato intensivo, de proteção e de esperança pela criação que estava ainda inacabada naquele momento. Era como um “pintinho” que não havia sido completamente formado. Precisava do calor materno para o seu amadurecimento.


Por esse texto podemos presumir quem pairava sobre a face das águas. Podemos saber bem, até mesmo o Seu nome:


Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!
Mateus 23:37

Jesus, que provavelmente falava o Aramaico, ao falar sobre Jerusalém, utiliza de uma expressão que é divina. Quem conhece o Hebraico e o Aramaico sabe que com essa expressão “como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas“, ele estava declarando ser “aquele que pairava como uma ave, sobre o ninho da criação“.

Os Apóstolos também falaram Dele, como o Criador dos céus e da terra:


Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
João 1:3

Até mesmo a tradição Judaica, por meio do Talmud, também atesta que o Espírito que pairava sobre a face das águas era o Espírito do Messias (Cristo):


“…e o Espírito de Deus pairava” – isto é o espírito do rei, messias, como você diria (Isaías 11:2), “E repousará sobre ele o Espírito do Senhor.”

Em que mérito aquele que pairava sobre as águas vem? No mérito do arrependimento, que é comparado à água, como está escrito (Lamentações 2:19), “derrama o teu coração como águas diante da presença do Senhor”.

Talmude da Babilônia, Tratado Nedarim 39b.

Então veja que “água“, no sentido bíblico, significa “arrependimento“. E o Espírito do Senhor está “sobrevoando”, “pairando”, e mesmo “habitando”, onde Ele encontra um coração arrependido e contrito.


É por isso que foi instituído o batismo nas águas, que é um sinal simbólico de arrependimento!
O ESPÍRITO DE GRAÇA

Outra tradução para o Aramaico, próximo da época de Jesus (o Targum Yonatan), diz que o Espírito que pairava sobre as águas era o Espírito de graça/misericórdia. Vamos ver este texto?



Esse texto parece concordar com o a doutrina dos Apóstolos, que consideravam Jesus como o próprio Espírito da Graça e da misericórdia de Deus:


De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?

autor Israel Silva

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